Amanda Cotrim

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Reportagem

Mulher de argentino preso na Venezuela diz não ter notícias dele há 5 meses

A venezuelana Maria Alexandra Gómez, esposa do policial argentino Nahuel Gallo, preso na Venezuela desde 8 dezembro do ano passado, disse que há cinco meses não tem informações sobre o paradeiro de seu marido e nem provas de que ele está bem. A última evidência foi uma foto dele, divulgada em 2 de janeiro, caminhando em um pátio de uma penitenciária em Caracas, vestindo uma camisa azul clara e uma calça da mesma cor.

Segundo Alexandra, o nome do esposo não consta em nenhum processo penal aberto na Venezuela. Ela também afirma que o marido não teve direito a um advogado.

"Vou todos os sábados, que são os dias de visita, nessa penitenciária da foto. Pergunto por ele, mas me trata mal, dizem que ele não está aí. Mas eu sigo tentando, porque alguém pode me ver a avisá-lo que estou aqui, com nosso filho", disse Alexandra, em entrevista à rádio argentina Futurock, hoje. "Eu peço que me digam onde ele está para eu poder levar uma foto do nosso filho, uma carta, para que ele saiba que estamos lutando por ele", contou emocionada.

"Hoje, dia 8 de maio, é aniversário dele e faz cinco meses que ele está preso e que não sabemos se ele está bem. Fiz tudo que é legalmente possível para ter informações sobre Nahuel. Falei com o promotor que o está acusando de terrorismo. Mas até o dia de hoje, Nahuel não tem nenhum processo penal nos tribunais venezuelanos, e mesmo assim, esse promotor o acusou", disse.

Publicamente, o procurador-geral venezuelano Tarek William Saab afirmou, em dezembro do ano passado, que Nahuel Gallo foi preso sob suspeita de terrorismo. O Ministério Público argumentou que o policial argentino tentou entrar na Venezuela irregularmente "ocultando seu verdadeiro plano criminal sob a roupagem de uma visita sentimental", disse Saab.

A esposa de Nahuel, no entanto, desmente a versão oficial das autoridades venezuelanos e afirma que o marido ingressou na Venezuela legalmente, por meio de uma carta convite, redigida por ela, que já estava em Caracas, com o filho do casal, esperando o marido para as festas de fim de ano. Segundo contou Alexandra, os dois moram em Mendoza, cidade argentina que faz fronteira com o Chile.

De acordo com Alexandra, o marido foi sozinho encontrar a família em Caracas. Mas, por questões financeiras, decidiu fazer um caminho mais longo, porém mais barato. Segundo a esposa, ele viajou para a Venezuela saindo de Santiago do Chile, com um voo até Bogotá. Da capital colombiana, foi até a cidade de Cucutá, na fronteira, e de lá cruzou, por terra, para a Venezuela. "Ele fez uma travessia legal. Venezuela não tem voos diretos em muitas cidades. Optamos por uma viagem mais barata porque não somos ricos, somos trabalhadores, gente comum", disse.

Ainda de acordo com Alexandra, no dia da detenção do marido, ela recebeu uma chamada de telefone de um homem que se apresentou como motorista e afirmou que estava levando Nahuel ao aeroporto da cidade de Santo Antonio del Táchira, a 10 horas de Caracas, de onde ele tomaria um avião até o aeroporto de Caracas, onde Alexandra o esperava. Mas Nahuel nunca chegou ao encontro da esposa.

Prisão aumenta crise entre Milei e Maduro

A prisão de Nahuel Gallo tensiona ainda mais a crise entre os governos de Javier Milei e Nicolás Maduro, que romperam relações diplomáticas depois de Milei não reconhecer a reeleição de Maduro, em 28 de julho, denunciada como fraude pela oposição e por entidades internacionais. Na ocasião, Maduro expulsou o corpo diplomático da Argentina e de outros países, como Peru, Panamá, Chile, Costa Rica, República Dominicana e Uruguai, em resposta ao não reconhecimento do resultado das urnas.

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Desde o dia 1 de agosto, o Brasil está à frente da embaixada argentina em Caracas, onde opositores venezuelanos estavam asilados e recentemente conseguiram autorização para deixar o país em direção aos Estados Unidos. Alexandra disse que essa negociação de liberação dos reféns a enche de esperança. "Essa notícia nos dá uma luz de esperança", referindo-se às negociações lideradas pelo governo dos Estados Unidos. Apesar disso, ela revelou que o governo argentino tem mantido contato com a família de Nahuel, porém, até o momento, não recebeu nenhuma informação concreta sobre o que tem sido feito para a liberação de seu esposo.

De acordo com jornais argentinos, o governo Milei tem aprofundado as relações com os EUA para conseguir a libertação do policial argentino antes do fim do ano. Milei celebrou ontem o resgate dos venezuelanos da embaixada argentina, em Caracas, anunciada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. Em comunicado, o governo argentino afirmou que "continuará trabalhando fortemente para conseguir a imediata libertação de Nahuel Gallo, o policial argentino que foi detido ilegalmente pela ditadura de Nicolás Maduro", disse.

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