Amanda Cotrim

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Lula visita Kirchner em prisão domiciliar e exibe cartaz 'Cristina livre'

O presidente Lula encontrou hoje a ex-presidente argentina Cristina Kirchner, que cumpre pena de seis anos em prisão domiciliar em Buenos Aires. A visita foi autorizada pela Justiça. Depois da visita, ele se reuniu com Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz, e segurou um cartaz com a frase "Cristina livre".

O que aconteceu

Lula chegou para encontro às 12h30 e ficou por cerca de 50 minutos. O presidente encontrou com Kirchner após cumprir agenda do Mercosul com Javier Milei, atual presidente da Argentina e principal rival da ex-presidente. O petista não tem nenhuma reunião bilateral marcada com o atual mandatário.

Apoiadores e militantes pediram para Lula e Cristina aparecerem na varanda do apartamento, o que não ocorreu. Sob os gritos de "Viva Lula e Cristina" e cantando o hino peronista, com bandeiras do Partido dos Trabalhadores, os manifestantes tomaram as ruas do entorno da residência de Kirchner. Uma faixa foi estendida na janela com os dizeres "sem medo de ser feliz, Cristina livre". A frase faz referência a um jingle tradicional do petista.

Lula disse ter ficado feliz por ver Kirchner "com força e gana de luta". Nas redes sociais, o petista afirmou ter uma amizade que vai além da relação institucional. "Além de prestar minha solidariedade a ela por tudo que tem vivido, desejei toda força para seguir lutando com a mesma firmeza que tem sido a marca de sua trajetória na vida e na política", diz trecho de texto publicado pelo presidente.

Lula e Cristina Kirchner
Lula e Cristina Kirchner Imagem: Reprodução/X

Kirchner definiu visita como um "ato político de solidariedade". Lula também foi perseguido, também tentaram calá-lo. Não puderam. Ele voltou com o voto do povo brasileiro", escreveu a ex-presidente nas redes sociais.

O argentino Pérez Esquivel, Nobel da Paz, disse que Lula viu "Cristina muito forte e tranquila". Esquivel se encontrou com o presidente logo após o petista visitar Kirchner. Para ele, a visita de Lula é um "aceno para democracia" e lembrou que também visitou o petista quando esteve preso em 2018.

Segundo apurou o colunista do UOL Jamil Chade, o presidente considera que deve a visita por reciprocidade. Ele avalia que a solidariedade internacional foi fundamental durante o período em que ficou detido em Curitiba, entre 2018 e 2019. Na ocasião, ele foi visitado por Alberto Fernández, então candidato kirchnerista à presidência argentina.

Lula segura placa com a frase "Cristina livre" ao lado do nobel da paz Pérez Esquivel
Lula segura placa com a frase "Cristina livre" ao lado do nobel da paz Pérez Esquivel Imagem: Leonardo Esquivel
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Kirchner foi condenada a seis anos de prisão e inelegibilidade perpétua por corrupção. A decisão em primeira instância considerou a ex-presidente culpada por contratos superfaturados e fraudes em licitações de obras públicas quando era presidente. Ela cumpre pena em seu apartamento na capital argentina e precisa de autorização do tribunal para receber visitas que não sejam de familiares, médicos ou advogados.

Visita pode intensificar a faísca política que existe entre Lula e Milei. A diplomacia dos dois países trabalha para que a divergência política não interfira nos acordos comerciais do Mercosul e tem minimizado a polarização que existe atualmente no bloco sul-americano.

Lula muda agenda

Fachada da casa da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner
Fachada da casa da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner Imagem: Amanda Cotrim / UOL

O presidente Lula mudou a agenda para, além de se reunir com Kirchner, encontrar-se com o argentino Pérez Esquivel, Nobel da Paz. Esquivel se empenhou na campanha "Lula livre" e visitou o presidente quando ele esteve preso em Curitiba. Ele também é reconhecido por defender os direitos humanos durante a ditadura civil-militar argentina.

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Durante a viagem, Lula também manteve reuniões bilaterais com os presidentes do Panamá, Paraguai, Santiago Peña, e da Bolívia, Luis Arce. Este último entrou país tornou-se membro recentemente do Mercosul. A reunião do bloco marca também a primeira visita do petista ao país desde a chegada de Milei no poder.

O presidente boliviano, aliás, enfrenta uma crise política, no contexto das eleições presidenciais marcadas para agosto. Arce, depois de rachar publicamente com o ex-presidente Evo Morales —que está impedido de concorrer —, retirou sua candidatura para uma possível reeleição.

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