Bahia: Vale do Capão oferece turismo ambiental, sem aglomeração
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Bem diferente das imagens de praias lotadas e festas com aglomeração que circularam por esses dias, a Bahia possui destinos de viagem que proporcionam lazer, descanso e isolamento tão importantes neste momento.
Depois de um ano de necessária permanência dentro de casa, a possibilidade de iniciar o novo ano em contato com a natureza, em meio a lindas e amplas paisagens naturais, atraiu um grande número de visitantes à Chapada Diamantina, na Bahia, neste Réveillon. Em especial, ao Vale do Capão, também chamado de Caeté-Açu,
O pequeno povoado de cerca de 3 mil moradores, pertencente ao município de Palmeiras, a 460 km de Salvador e 70 km de Lençóis, possui um território privilegiado, com diversas trilhas que levam a morros, rios, cachoeiras, grutas e quedas d'águas. Com a continuidade da pandemia e o aumento dos casos em todo o país, o Capão oferece opções de lazer sem aglomeração.
O local também mantém o clima místico, que possibilita práticas de meditação e retiros espirituais.
É o caminho certo para quem busca tranquilidade e renovação das energias e esperanças neste novo ciclo que começa com a permanência de velhos problemas como, por exemplo, o mandato de Bolsonaro que só termina no final de 2022.
Até lá, os brasileiros precisam de muita paciência e resistência, e respirar o ar puro do Vale do Capão, a 860 metros acima do nível do mar, pode ser um bom alento.
Parque Nacional da Chapada Diamantina reabre ao turismo
O retorno do turismo no local ocorreu no mês de dezembro, com a reabertura dos principais pontos de visitação e a exigência de protocolos de segurança, como o uso de máscaras mesmo nas trilhas e limitação de grupos de até 10 pessoas.
A vila oferece muitas possibilidades de acomodação, desde áreas de camping, casas para aluguel e pousadas confortáveis. Para alimentação, os visitantes dispõem de boas massas e pratos vegetarianos, incluindo pizzas de berinjela, tomate seco, molho pesto e outras delícias.
Há opções de passeios para todos os gostos, inclusive para aqueles que não querem realizar grandes caminhadas ou se aventurar em práticas de aventura. A cachoeira no povoado de Conceição dos Gatos e a lagoa dos Patos possuem trilhas curtas, de baixa dificuldade e alta satisfação. Assim também é a Cachoeira do Riachinho, que oferece o melhor pôr do sol do Vale, mas que ainda se encontra interditada.
Com uma caminhada um pouco mais longa, cerca de 40 minutos, estão as cachoeiras de Rodas, em direção ao rio Preto, e a cachoeira da Purificação, tendo no caminho a cachoeira Angélicas, um alívio para quem não completa todo o trajeto. O acesso é pela Vila do Bomba, onde é possível comer pastel de palmito de jaca, acompanhado de caldo de cana.
Na rua principal da vila, é possível encontrar produtos esotéricos, além de massagens e consultas ayuvérdicas e outras terapias holísticas.
Também há um coreto para apresentação de artistas locais. Nos primeiros dias do ano, o centro da vila reuniu jovens de diversas partes do Brasil e muitas nacionalidades, despreocupados com os riscos da pandemia e com a possibilidade de tirar o sossego dos moradores, até então livres da contaminação. Os comerciantes estão atentos e exigem o uso de máscaras para entrar nos estabelecimentos.
Maior queda d'água livre do Brasil
Entre os principais passeios na região está a trilha de 12 km que leva à cachoeira da Fumaça, uma queda d'água de 380 metros livres, a maior do Brasil. Essa é a opção dos visitantes mais dispostos a enfrentar as quatro horas de caminhada (ida e volta), com uma hora de subidas em meio à vegetação e mirantes que possibilitam a visão privilegiada do Parque Nacional da Chapada Diamantina. O conjunto de rochas que se vislumbra é de tirar o fôlego não só pelo esforço da subida, e sim pela exuberante beleza.
O Morro do Pai Inácio pertence ao município de Palmeiras e integra o Parque Nacional da Chapada Diamantina
Os visitantes em adequado condicionamento físico podem optar pela trilha de 36 km que percorre a cachoeira da Fumaça por baixo. São necessários três dias, com acampamento na mata. Nas duas opções é recomendado a companhia de um guia local, que conheça o trajeto, suas dificuldades, além de estarem treinados para atendimentos de primeiros socorros.
Em geral, para todas as trilhas é necessário buscar informações prévias, pois há pouca sinalização nos locais.
A capacitação dos guias é feita pela Associação dos Condutores de Visitantes do Vale do Capão (ACV-VC), uma organização formada há 20 anos e que conta hoje com 46 profissionais credenciados e devidamente preparados para acompanhar os visitantes nas trilhas.
Além de realizarem ações de educação ambiental e de preservação da natureza, os associados à ACV-VC são os principais responsáveis por operações de resgates no Vale do Capão.
Com a economia dependente quase exclusivamente do turismo, os moradores da vila viveram momentos de muita dificuldade ao longo do ano, com a interrupção dos passeios turísticos. Estima-se que mais de 20 mil pessoas visitam o Vale do Capão anualmente.
Para garantir renda, os moradores buscaram outras ocupações neste período, como serviços de construção, pintura e jardinagem. Os guias também contaram com o apoio da ACV-VC que realizou uma campanha para distribuição de cestas básicas a seus associados.
Vida alternativa não é utopia
A filosofia dos moradores do Vale do Capão pode ser entendida a partir da família formada pelo argentino Diego Olarán, e a baiana Vilma Ribeiro de Oliveira, e os seis filhos do casal. Eles são proprietários do Galpão, o café da manhã mais concorrido da vila, ponto de encontro para quem busca se abastecer para as trilhas.
O casal se conheceu em Trancoso, sul da Bahia. Eram artesãos e mochileiros e chegaram ao Vale do Capão há 28 anos, quando o local deixava de ser uma vila de garimpeiros e de agricultores para atrair a atenção de viajantes, aventureiros e místicos, chamados de forma generalizada de "alternativos".
Eles ajudaram a criar a Comissão de Meio Ambiente, uma das primeiras associações do Vale do Capão, responsável por criar projetos ambientais, como uma horta comunitária.
Diego conta que a casa sempre teve uma mesa farta por conta das crianças, com muitas frutas e as delícias preparadas pela esposa. Naturalmente, passaram a oferecer aos visitantes e a agradar aos paladares. Atualmente, os filhos trabalham no cuidadoso preparo e atendimento no restaurante que oferece sucos e sanduíches naturais, massas caseiras e uma lasanha vegetariana, carro-chefe do local, que é cercado de vegetação e do qual se tem a visão dos morros que contornam o Vale do Capão.
Dois dos filhos, Sumé e Guirá, além de ajudarem os pais no restaurante, atuam como guias de turismo, integrantes da ACV-VC. Guirá é instrutor de parapente e divulgador da prática do Hike & Fly, quando os voos são associados a caminhadas por longas trilhas. A modalidade exige equipamentos mais compactos e muito preparo físico dos praticantes.
Durante os meses de turismo suspenso, Guirá viajou para outras cidades para desenvolver suas atividades, somente retornando agora, com a volta dos turistas ao povoado.
A motivação maior para a reabertura do turismo no Vale do Capão é a crença de que a maioria dos visitantes que chegam à vila compartilham valores locais de solidariedade, respeito ao meio ambiente e autocuidado. Conscientização necessária para que desfrutem das belezas locais sem promover aglomeração ou descuidar das normas de proteção contra a pandemia.
Então, a dica é colocar na mochila máscaras, álcool em gel, tênis, protetor solar e muita disposição para esse íntimo contato com a natureza, em busca de tranquilidade e boas vibrações.
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