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Sem dia de Iemanjá em Salvador, Itaparica tem cortejos e receio com idosos
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No dia 2 de fevereiro, o bairro do Rio Vermelho, em Salvador, não pôde receber as milhares de pessoas que todos os anos prestam, nesta data, homenagens à Iemanjá, orixá do candomblé, dona das águas salgadas e protetora dos pescadores e de todos que vivem do mar.
Por conta da pandemia, a prefeitura proibiu os festejos, incluindo o fechamento dos bares. Já na Ilha de Itaparica, ao lado da capital baiana, a tradição de saudar Iemanjá foi mantida, com ritual religioso, cortejo e oferendas. O presente da comunidade de Ponta de Areia é organizado pelo terreiro Ilê Babá Agboula.
O terreiro, fundado na década de 1940 e tombado como patrimônio cultural brasileiro pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), representa a matriz do culto aos egunguns no Brasil. "Os egunguns são entes falecidos — eguns — elevados à condição de ancestrais", explica pai Balbino Daniel de Paula, líder do terreiro.
"A tradição do presente no 2 de fevereiro iniciou com a colônia de pescadores, ligados aos culto aos egunguns, que presenteavam a rainha das águas em agradecimento pela boa pescaria. Iemanjá é fartura e prosperidade", afirma.
Restrições por conta da covid-19
Todos os anos são preparados cerca de 70 balaios com flores, perfumes, adereços e presentes para agradar à vaidosa orixá. Este ano, com a redução das atividades por conta da prevenção à covid-19, apenas sete balaios foram depositados no mar. Houve uma preocupação em evitar aglomeração, pois a maioria do cortejo era formada por pessoas idosas.
O ritual foi acompanhado por dezenas de religiosos de outros terreiros da cidade e de Salvador, além da população dos dois municípios que integram a Ilha de Itaparica (Vera Cruz e Itaparica).
Antes do cortejo pelas ladeiras da comunidade do Barro Branco, os religiosos participaram de um ritual no terreiro Agboula, com a chegada das entidades que simbolizam as energias de Iemanjá e Oxum, a deusa das águas doces e da fertilidade.
A yalorixá Lígia Maria Santos, 62 anos de idade e 42 anos na religião dos orixás, veio de Salvador para agradecer aos egunguns uma grande vitória em 2020. "Eu só tenho a agradecer por minha saúde. Eu enfrentei uma doença e me curei graças à fé nos orixás." Era uma das participantes a derramar alfazema nos balaios dos presentes.
Ritual de fé em meio à pandemia
O secretário de Cultura de Itaparica, Jota Veloso, disse que mesmo com todos as preocupações da prefeitura é muito difícil evitar a realização de eventos como esse que, além da tradição cultural, possui um caráter religioso.
"Principalmente neste momento de desespero com o planeta doente, é quando as pessoas religiosas buscam ainda mais o contato com aquilo que traz esperança".
Para hoje está previsto um outro presente em Itaparica, desta vez na comunidade de Amoreiras, quando também será realizado apenas o ritual religioso, sem a parte festiva que costuma envolver a comunidade em música e aglomeração.
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