Mamografia: Governo é chamado para aplacar repercussão por consulta da ANS
A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) procurou o Ministério da Saúde para pedir ajuda na tentativa de reverter a repercussão negativa nas redes sociais após a consulta pública feita pela agência sobre a mamografia de rastreio —exame que detecta de forma precoce o câncer de mama.
Segundo a coluna apurou, a partir disso, a pasta fez um post no Instagram dizendo que se tratava de fake news as interpretações de que os planos de saúde poderiam não autorizar mulheres entre 40 e 49 anos a fazer o exame caso a consulta vire norma.
O post do ministério teve apenas 1.074 curtidas até o início da noite desta sexta, contra 304 mil da apresentadora Ana Furtado, que chamou a consulta de "absurda" e pautou o debate. Furtado teve câncer de mama descoberto aos 44 anos.
A coluna também apurou que parlamentares do PT vão procurar o marqueteiro Sidônio Palmeira, chefe da Secretaria de Comunicação do governo, para tentar evitar novo desgaste para o governo após o enfrentado no caso do Pix, quando demorou a reagir a uma iniciativa da Receita Federal para monitoras essas transações e perdeu a guerra da comunicação ao ponto de ter que recuar da norma.
Como mostrou o UOL, a ANS quer estimular as operadoras de saúde privadas a procurar suas clientes com idade entre 50 e 69 anos para que façam o exame. Em troca, os planos médicos ganham pontos para receber um certificado de boas práticas oncológicas
A faixa etária, contudo, gerou reações de quem defende que essa iniciativa deve abranger mulheres a partir dos 40 anos de idade. A SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) e Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) dizem que 40% das mulheres brasileiras com câncer são diagnosticadas abaixo dos 50 anos e 22% das mortes acontecem neste grupo.
Um levantamento nas redes sociais identificou que a reação negativa à consulta pública da ANS está concentrada no público feminino, que é a maioria do eleitorado brasileiro.
O CEO da AP Exata, Sergio Denicolo, disse à coluna que a análise da empresa nas redes mostra que as críticas estão concentradas no governo Lula, e não na ANS, que tem autonomia para criar normas para o setor privado de saúde. É o governo quem indica os diretores da ANS.
"É uma crise focada nas mulheres. O governo, mais uma vez, demorou para identificar uma crise que chega pelas redes sociais. Taxou as críticas de fake news, o que só deixa dúvidas nas pessoas. Afinal, se não vai mudar o que está sendo proposto?", questionou o especialista em análise de dados.
"Tentar adiar a questão como se as pessoas não estivessem debatendo o assunto nas redes gera um caos informativo", disse.
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