Andreza Matais

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Opinião

Ao apontar o líder, PGR enterra argumento para anistiar golpistas

A denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) faz uma risca no chão. Houve um atentado claro ao Estado democrático de direito que não pode mais ser normalizado com anistia. Basta! A partir de agora não tem mais perdão.

Quando Bolsonaro assumiu o governo, em 1º de janeiro de 2019, havia preocupação de parte dos militares de que voltariam a responder por 21 anos de ditadura quando as pesquisas mostravam que tinham recuperado a confiança da população. Um benefício oferecido por um país que não cultiva a memória.

Espalharam a versão de que iriam tutelar Bolsonaro. O ex-capitão, que deixou o Exército por indisciplina, deixou correr. Hoje sabemos quem enganou quem.

A denúncia da PGR mostra claramente que os militares gostaram de voltar ao poder. Parte do Exército e toda Marinha embarcaram no plano golpista para ficar mais (21 anos?) no poder. Quem sabe revezar com Bolsonaro a presidência.

É assustador que o comando do Coter (Comando de Operações Terrestres) consentiu em apoiar o plano.

O Coter é aquele órgão que os civis só sabem que existe quando dá m...Tem por missão orientar e coordenar o preparo e o emprego da Força Terrestre. A ele estão subordinados todos os Comandos Militares, entre eles, o 1º Batalhão de Forças Especiais, a elite do Exército.

"O seu apoio ao plano de ruptura institucional significava, àquela altura, a possibilidade de consumação do golpe de Estado, especialmente na execução de ações sensíveis, como a da prisão do Ministro Alexandre de Moraes", anotou a PGR.

A iniciativa do Congresso para anistiar um dos tripés do plano golpista ganha hoje uma pá de cal.

Até ontem, seria aprovada sem dificuldades. O argumento externado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que 8 de Janeiro não foi tentativa de golpe porque não havia um líder agora se desfez.

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"Dizer que foi golpe? Golpe tem que ter líder", disse Motta.

Os defensores da tese, muitos no Congresso, farão agora cara de paisagem.

O Congresso pode até mudar de assunto, mas muita gente ainda terá que dar explicações.

Colega de partido de Motta, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, uma cria de Bolsonaro e frequentador assíduo do Alvorada, por exemplo, estava onde quando tudo foi tramado?"

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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