Andreza Matais

Andreza Matais

Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Rumble continua sem acatar ordem de Moraes de bloquear Allan dos Santos

Duas semanas depois da ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), a plataforma de compartilhamento de vídeos Rumble continua sem cumprir as determinações para voltar a operar no Brasil.

O ministro Alexandre de Moraes ordenou às operadoras de internet, em 21 de fevereiro, que bloqueassem o acesso à rede social enquanto não nomeassem um representante legal no Brasil e suspendessem a conta do blogueiro bolsonaristas Allan dos Santos, que está foragido nos Estados Unidos.

Santos é acusado de conspirar contra o regime democrático para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder a despeito da derrota eleitoral. Ele teve a prisão decretada em 2021 por obstrução de Justiça, ameaça e crimes contra a honra. Desde então, está foragido e segue atuando por meio da Rumble, rede utilizada principalmente pela extrema direita e conservadores por não ter filtros.

O ministro também determinou pagamento de multa de R$ 50 mil por dia até que a plataforma regularize sua atuação. O valor cobrado da Rumble já chega a cerca de R$ 800 mil.

"Determino a suspensão imediata, completa e integral, do funcionamento do 'Rumble INC.' em território nacional, até que todas as ordens judiciais proferidas nos presentes autos — inclusive com o pagamento das multas — sejam cumpridas e seja indicada, em juízo, a pessoa física ou jurídica representante em território nacional", disse Moraes na decisão.

Como antecipado pela coluna, a ordem de bloqueio foi acatada até mesmo pela Starlink, de Elon Musk. O empresário trava um embate público com Moraes ao lado de Donald Trump, presidente dos EUA. Trump acusa o ministro brasileiro de censurar empresas norte-americanas. A Rumble também assina a ação.

O gabinete de Moraes entende que a ordem para retirar os posts de Allan dos Santos foi cumprida quando a plataforma foi retirada do ar por sua decisão. A rede segue, contudo, bloqueada por ignorar a determinação de Moraes para nomear representante no Brasil.

Starlink

No ano passado, a Starlink foi ameaçada por Moraes de ter suas atividades suspensas e de ser multada, caso não bloqueasse o acesso ao X, também de Musk.

Continua após a publicidade

Desta vez, a aceitação imediata tem, contudo, outra razão. A Starlink tenta aumentar sua área de atuação no Brasil e precisa da aprovação do órgão regulador.

Inicialmente, a empresa recebeu autorização para utilizar 4.408 satélites no Brasil até 2027. O pedido para expansão (7.500 satélites) e para utilizar equipamentos de segunda geração já teve aval da área técnica da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), mas o relator tem segurado o processo.

Representantes da empresa de Musk têm feito um périplo em Brasília para a agência votar a demanda.

Estiveram com os presidentes da Câmara e do Senado. O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) chegou a procurar a Anatel para se inteirar sobre o assunto.

Há uma expectativa sobre se o relator Alexandre Freire levará nesta semana o tema à pauta no plenário da Anatel. Esse anúncio é esperado para hoje (6).

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.