Lula ignorou o jornalismo, abraçou Alcolumbre e ganhou ministro denunciado

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A conclusão da PGR (Procuradoria-Geral da República) de que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, recebeu propina em troca de obras em Vitorino Freire demonstra a importância do jornalismo investigativo. A cidade maranhense é comandada há anos pela família do ministro, que a usa como se fosse propriedade particular. Como deputado, o ministro enviou dinheiro de emenda para as ações e, em troca, recebeu propina.
Foram mais de 30 reportagens mostrando o desvio de recursos públicos e o uso indevido do ministério por Juscelino. Deputado do baixo clero, Juscelino virou ministro das Comunicações por indicação do sempre Davi Alcolumbre (União-AP), seu colega de partido, sem ter nenhuma relação com o setor.
O médico rediologista nunca havia sequer apresentado um projeto para a área ou participado da comissão que trata dos temas na Câmara. O motivo pelo qual virou ministro quem tem que explicar é o presidente Lula, que o nomeou.
A série de reportagens assinadas por Julia Affonso, Tacio Lorran, Vinicius Valfré e Daniel Weterman também revelou que, já como ministro, ele usou verba da pasta para pagar a viagem a São Paulo e participar de leilão de cavalos. A Comissão de Ética da Presidência não viu nada demais. Ele devolveu o dinheiro para escapar do escândalo.
Também foi revelado que ele terceirizou o ministério para o sogro. Quando o ministro não está em Brasília, é o sogro de Juscelino quem despacha do seu gabinete, conduzindo audiências. A Comissão de Ética também não viu nada demais. Nem Lula, que não só o manteve no cargo, como viajou para o Maranhão com o ministro a tiracolo em meio ao noticiário negativo, num sinal de prestígio ao seu auxiliar.
Ignorar as revelações feitas pela imprensa virou rotina no governo Jair Bolsonaro. O orçamento secreto, também revelado pelo time do Estadão, foi tratado como mentira. Quando Lula assumiu o poder, fez discurso enaltecendo o trabalho da imprensa. Até agora, não deu uma entrevista coletiva e ignorou as reportagens que incomodaram seu governo.
No fim das contas, Lula não precisou demiti-lo: Juscelino Filho pediu demissão em uma carta aberta.
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