Andreza Matais

Andreza Matais

Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Papa Francisco considerava a política migratória de Trump um 'pecado grave'

Durante o período eleitoral nos Estados Unidos, o Papa Francisco foi questionado por uma jornalista sobre qual conselho daria aos eleitores católicos diante de um cenário polarizado: de um lado, um candidato favorável à legalização do aborto (Kamala Harris); do outro, um candidato que propunha a deportação de 11 milhões de imigrantes (Donald Trump).

"Ambos são contra a vida — tanto quem expulsa migrantes quanto quem aprova a morte de bebês. Mas sejamos claros: negar aos migrantes a oportunidade de trabalhar, de serem acolhidos, é um pecado grave. No Antigo Testamento, há uma repetição constante: o órfão, a viúva e o estrangeiro — ou seja, o migrante. Esses são os que o povo de Israel deve proteger. Quem não cuida do migrante está em falta; é também um pecado, um pecado contra a vida e contra as pessoas", afirmou o pontífice.

Ao ser perguntado se, em sua avaliação, pode haver circunstâncias em que seja moralmente aceitável votar em um candidato favorável à interrupção da gravidez, o Papa respondeu:

"Na moral política, geralmente se afirma que deixar de votar é algo negativo. É preciso exercer o direito ao voto. E, nesse processo, é necessário escolher o mal menor. Quem é o mal menor? Aquela senhora ou aquele senhor? Não sei. Cada um, em sã consciência, deve refletir e tomar sua decisão", disse.

Neste domingo, Donald Trump comentou brevemente a morte do Papa. Ao lado de um coelho da Páscoa durante um evento público, limitou-se a dizer que o pontífice "era um bom homem, que trabalhou duro e amou o mundo". Apesar da declaração discreta, Trump deve comparecer ao funeral, que ocorrerá em Roma nos próximos dias.

O Papa Francisco faleceu na terça-feira (21/04), após sofrer um derrame enquanto se recuperava de uma pneumonia dupla.

As relações entre Donald Trump e o Papa Francisco foram marcadas por declarações públicas polêmicas. Em 2016, o Papa sugeriu que Trump não era cristão devido ao seu plano de construir um muro na fronteira com o México. Trump reagiu chamando o Papa de "desonroso" e insinuou que o Vaticano poderia ser atacado pelo Estado Islâmico se ele não fosse presidente.

Em 2017, Trump chamou o Papa de "uma pessoa muito política" e sugeriu que ele estava sendo influenciado pelo governo mexicano. No entanto, em 2013, Trump havia elogiado o Papa Francisco, chamando-o de "um homem humilde, muito parecido comigo".

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.