Governo do Dr. Bolsonaro agoniza e Brasil entra na UTI
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Com a queda do segundo ministro da Saúde em menos um mês, por não seguir as recomendações do Dr. Bolsonaro, que quer receitar cloroquina para todo mundo voltar a trabalhar, o governo agoniza e quem está indo para a UTI é o Brasil de 210 milhões de habitantes.
O problema não é nem de quem saiu, mas quem será o maluco que aceitará um convite do presidente aloprado, agora metido a médico e chefe da polícia, para ser o ministro da Saúde?
Não consigo imaginar um médico sério e competente, e eu conheço muitos, que toparia entrar neste circo de horrores, em meio à pandemia do coronavírus, que já matou quase 13 mil brasileiros e contaminou mais de 200 mil, sem nenhum sinal de que o país tenha um plano nacional para a saúde e a economia capaz de conter o avanço da doença.
Nem o melhor médico do mundo seria capaz de convencer a população a respeitar o isolamento social, se o presidente ameaça fazer uma guerra com empresários contra governadores para reabrir o comércio, e todo dia acena com o caos se isso não acontecer.
Dr. Bolsonaro, em sua obsessão para mandar em tudo que não conhece, ainda não entendeu que não adianta reabrir lojas e fábricas porque simplesmente não há demanda, o povo não tem dinheiro.
O Brasil de hoje se divide entre os que ainda têm empregos, mesmo precários, os que têm medo de ser mandados embora e os 70 milhões que sobrevivem com a ajuda do governo.
Fora os marajás das guildas do serviço público, que contam com estabilidade e altos salários, quem é que tem segurança para comprar qualquer coisa se não sabe como vai pagar as prestações?
Quem é que pode confiar num presidente que só sabe comprar briga com todo mundo e não fala coisa com coisa, mudando de ideia de uma hora para outra, para desespero dos generais que não sabem mais o que fazer com ele?
O titubeante Nelson Teich caiu, não por suas visíveis fragilidades para ser ministro da Saúde neste momento, mas por não suportar as humilhações a que foi submetido pelo presidente, assim como aconteceu com Mandetta e Moro.
Assim, o governo Bolsonaro, que já era uma tragédia anunciada antes da pandemia, vai derretendo a olhos vistos, para espanto do mundo, assustado com tudo o que acontece no Brasil. Nós estamos, literalmente, indo para a UTI, e faltam leitos para todos.
No desespero, só restará ao capitão nomear mais um general, desta vez para o Ministério da Saúde já militarizado.
"Votaram em mim para eu decidir e essa questão da cloroquina passa por mim. Não pode mudar o protocolo agora? Pode mudar e vai mudar", disse o presidente numa teleconferência com empresários, na quinta-feira, quando Teich já estava por um fio, convocado a toda hora para reuniões no Planalto.
Hoje, o Dr. Bolsonaro já avisou que vai assinar um decreto liberando a cloroquina, seja quem for o ministro. Será que o general Eduardo Pazuello vai aceitar esse papel, depois de ser o número 2 e o tutor de Teich, em nome da disciplina e da coesão das Forças Armadas?
Dane-se que estudos internacionais recentes não tenham mostrado benefício do remédio, mas seus efeitos colaterais, que podem levar à morte.
Utilizando-se do mesmo método que adotou para trocar o superintendente da Polícia Federal no Rio _ "vou interferir e ponto final" _ Bolsonaro agora quer mandar também no Ministério da Saúde.
A diferença é que pouco importa quem seja o superintendente da PF no Rio, mas a interferência no Ministério da Saúde pode colocar vidas em risco e matar muita gente, como já está acontecendo.
Se as instituições estão funcionando, como gostam de dizer, precisam agir rapidamente para conter a fúria do capitão fora de controle, que já ultrapassou todos os limites da insanidade no comando do país.
Ou vou ter que mudar o final das minhas colunas, escrevendo "morte que segue" em lugar de "vida que segue".
Vida que segue, por enquanto.
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