Topo

Balaio do Kotscho

Muito ministro e pouco povo na nova pajelança de Bolsonaro no Planalto

Manifestação em defesa do presidente Jair Bolsonaro neste domingo (17) em frente ao Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress
Manifestação em defesa do presidente Jair Bolsonaro neste domingo (17) em frente ao Palácio do Planalto Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Colunista do UOL

17/05/2020 15h26

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A chegada triunfal de Bolsonaro na rampa do Palácio do Planalto, para assistir a mais uma manifestação do rebanho de devotos a favor do seu governo, estava marcada por ele mesmo para as 11 horas da manhã deste domingo.

Só que havia um problema: a essa hora, ainda não havia quase ninguém para participar do comício fora de época. Mal daria para lotar um ônibus.

Ao contrario de outras vezes, apenas algumas dezenas de apoiadores foram aparecendo aos poucos, carregando bandeiras do Brasil, dos Estados Unidos e de Israel.

Alguns agentes do GSI começaram a circular entre os apoiadores, sob o comando de um general, para retirar as faixas contra o Congresso e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com quem o Bolsonaro apareceu aos sorrisos esta semana, enquanto adquiria votos do Centrão, em troca de cargos, para evitar o impeachment.

Contra quem, então, seria a manifestação? Ninguém. Tratava-se de um protesto a favor da cloroquina e da volta ao trabalho.

Pouco depois do meio dia, braços para a frente e para o alto, em mangas de camisa, Bolsonaro apareceu no alto da rampa acompanhado de 11 dos seus 22 ministros, e dois dos filhos.

Entre eles, estavam três generais e os olavistas Ernesto Araújo e Abraham Weintraub, além de outros assessores e agregados, como o deputado Hélio Negão, que nunca pode faltar.

Lá pelas tantas, alguns desceram a rampa levando uma grande bandeira brasileira para dar de presente à diminuta "multidão" de fiéis, como se fosse um rito religioso.

Bolsonaro não passou recibo e em lugar de discurso fez apenas uma saudação de agradecimento.

"Queremos fazer um Brasil melhor para todos, agradeço a esse povo maravilhoso que está aqui, ao qual devo lealdade absoluta. É aquele que deve ditar as nossas normas e nosso norte. É o que precisamos: política ao lado do povo, tendo o povo como patrão".

Nas últimas semanas, como o presidente deve ter percebido, esse povo está diminuindo. Qualquer prefeito de cidade de interior junta mais povo quando fala no coreto da praça.

Parecia haver mais gente no alto da rampa do que lá embaixo. A PM não fez o cálculo do número de testemunhas, mas foi claramente um vexame.

Melhor faria o presidente Bolsonaro se reunisse seus ministros dentro do palácio para fazer uma reunião de trabalho, em meio à pandemia que já matou mais de 15 mil brasileiros e deixou 200 mil infectados pela Covid-19.

Pensando bem, fazer reunião com qual finalidade?, se o ministro interino da Saúde, um outro general, nem estava na comitiva.

Para Bolsonaro, foi "uma manifestação pura da democracia", mas o clima era de fim de feira.

Vida que segue.