Barroso no Roda Viva: um Brasil civilizado
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Pretendia assistir só ao primeiro bloco da entrevista de Luís Roberto Barroso, ministro do STF e presidente do TSE, no Roda Viva desta segunda-feira, mas fui até o fim, com vontade de ver mais.
É muito raro no Brasil de hoje em dia encontrar uma autoridade pública que sabe do que está falando, respeita os interlocutores e os telespectadores, e se expressa numa língua que todo mundo entende.
Sem querer parecer erudito nem dono da verdade, sem fazer citações de jurisprudência e usar expressões em latim, tão ao gosto da magistratura, o ministro Barroso deu uma aula de civilidade, em meio à barbárie em que vivemos.
Contribuíram para isso os jovens entrevistadores (Luísa Roig Martins, do Valor; Bruno Boghossian, da Folha; Fernando Mello, do site Jota, Carolina Brígido, do Globo e Cláudio Dantas, do site O Antagonista), e a apresentadora Vera Magalhães, que só intervinha nos momentos certos, sem cortar o entrevistado.
A conversa fluiu por 100 minutos sem ruídos. Ninguém queria aparecer mais do que o outro. Um perguntava e o entrevistado respondia, sem fugir do assunto, como se tivessem ensaiado.
Por alguns momentos me senti assistindo a um debate na britânica BBC, mas estava na TV Cultura.
Para quem já participou e viu centenas de programas do Roda Viva, o mais antigo do gênero na televisão brasileira, que muitas vezes fazia lembrar mesas redondas de futebol no domingo à noite, com entrevistadores falando mais do que o entrevistado, interrompido a todo momento, foi uma agradável surpresa a edição desta semana.
Foram feitas todas as perguntas necessárias sobre esse momento caótico e insano que o país está vivendo, com a guerra do capitão de hospício e sua trupe contra o Supremo Tribunal Federal, mas Barroso passou o tempo todo tentando baixar a fervura, sem entrar em bola dividida.
"Não acho que haja um risco real de golpe", resumiu o ministro, minimizando os ataques de alucinados bolsonaristas ao STF.
Sobre o tema mais polemico, os processos que correm contra a chapa Bolsonaro-Mourão no TSE, que podem levar à cassação dos dois, Barroso contou que um emissário do presidente o consultou sobre o que pode acontecer, se haveria motivos para preocupação do Planalto.
"Se ele não fez nada de errado, não. Nós só vamos cumprir a lei, de acordo com as provas. Não é um julgamento político. É jurídico", garantiu, com um sorriso enigmático, deixando o suspense no ar.
Senti que há esperanças.
Vida que segue.
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