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Festão de 12 horas em Maresias, música e intrigas: o feriadão do governo

Fabio Wajngarten: um  festão de 12 horas para comemorar aniversário com primeiro escalão do governo - UESLEI MARCELINO/REUTERS
Fabio Wajngarten: um festão de 12 horas para comemorar aniversário com primeiro escalão do governo Imagem: UESLEI MARCELINO/REUTERS

Colunista do UOL

02/11/2020 15h38Atualizada em 02/11/2020 20h21

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No Brasil, já passa de 160 mil mortos o número de mortos na pandemia, o fogo aumenta 121% na Amazônia em outubro, o Pantanal enfrenta o seu pior ano de queimadas, o desemprego bate recordes, a vacina ainda vai demorar a chegar, se for liberada, mas nada disso interessa.

Enquanto isso, Ricardo Salles e sua trupe de piromaníacos vão passear num avião da FAB em Fernando de Noronha para liberar a pesca de sardinha.

Flávio Bolsonaro também apareceu por lá na conta do Senado (e diz que vai devolver o dinheiro), enquanto o pai Jair foi dar um pulo em Santos para apoiar seu candidato a prefeito e o primeiro escalão do governo participava de um festão de 12 horas na casa de praia de Fabio Wajngarten, em Maresias, no litoral norte do São Paulo, onde foi montado um palco para a dupla sertaneja Henrique e Diego, e o cantor Zé Cassiano.

Bolsonaro era um dos convidados, mas não encontrei registro da sua presença.

Para essa turma, está bastante animado o feriadão de Finados, não tem tristeza. Ninguém é de ferro.

Na comemorações dos 45 anos do secretário-executivo do Ministério das Comunicações, que cuida da propaganda do governo, tudo foi registrado em fotos e vídeos no seu Instagram.

Além dos cantores da moda, neles aparecem o ministro Fábio Faria, das Comunicações, o ex-secretário geral da Presidência Jorge Oliveira, agora nomeado para o Tribunal de Contas da União, o jogador Felipe Mello, o surfista Gabriel Medina e José Vicente Santini, ex-secretário executivo Casa Civil, que foi demitido em janeiro por viajar sozinho num avião da FAB para a Índia, onde se encontraria com o presidente.

Santini não ficou muito tempo ao relento. Agora ele é assessor especial de Ricardo Salles, outro grande amigo de Wajngarten, expoentes da ala ideológica do governo, depois que Abraham Weintraub foi exilado para o Banco Mundial.

Com tantos bolsonaristas reunidos, não poderia faltar também uma boa intriga.

Na véspera, Wajgarten publicou no seu Twitter:

"Ao vazador e intriguento do Palácio que alimenta um pseudo jornalista informo que amanhã celebrarei meus 45 anos ao lado do meu amigo e ministro Fábio Faria, dentre outros convidados... chorem as lágrimas".

A mensagem logo ganhou aplausos do secretário Especial da Cultura, Mário Frias, e de Felipe Pedri, secretário de Comunicação Institucional do governo federal.

Quem será o "intriguento do Palácio"? As apostas dos convivas apontavam para o ministro Luiz Eduardo Ramos, o general que na semana passada foi alcunhado de "Maria Fofoca" por Ricardo Salles, que, dias depois, chamou de "Nhonho" o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tuitando direto de Fernando de Noronha, causando um reboliço em Brasília.

Antes que também me chamem de fofoqueiro, lembro que a isso foi reduzido o noticiário político pelos donos do poder. Não tenho culpa.

Brasília virou um salve-se quem puder, para ver quem agrada mais ao capitão, que comanda os cordéis do sobe e desce dos ministros.

Vida que segue.

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