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Em desvantagem, Trump quer melar eleição no grito, nas ruas e nos tribunais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca, no dia das eleições presidenciais - Mandel Ngan/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca, no dia das eleições presidenciais Imagem: Mandel Ngan/AFP

Colunista do UOL

05/11/2020 19h13

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Quarenta e oito horas após o fechamento das urnas, os Estados Unidos não sabem ainda quando vão conhecer o nome do vencedor e deixam o mundo em suspense.

"Todos os estados que recentemente foram anunciados em favor de Biden serão desafiados judicialmente por nós por fraude eleitoral. Muitas provas, basta olhar a mídia. Nós vamos vencer. América primeiro", anunciou o presidente Donald Trump no começo da tarde desta quinta-feira, sem apresentar nenhum caso concreto.

Em desvantagem no número de delegados conquistados até agora, o candidato à reeleição simplesmente não aceita os resultados anunciados até agora, e quer melar as eleições no grito, nas ruas e nos tribunais.

Trump quer suspender a contagem de votos nos estados onde a apuração ainda não terminou, mas dois dos pedidos dos seus advogados já foram rejeitados pelos juízes da Geórgia e do Michigan.

Ao contestar os resultados e transferir a disputa política para uma batalha judicial sem prazo para acabar, o presidente não só atrasa o processo eleitoral como estimula seus fanáticos seguidores a irem às seções eleitorais carregando cartazes, anunciando que "a votação acabou, mas a luta continua".

Como há entre estes devotos do trumpismo mais aguerrido milícias armadas, o risco é que essa luta descambe em conflitos de rua com aqueles que defendem a contagem de votos até o fim.

Na noite de quarta para quinta-feira, foram presas 11 pessoas no Oregon que carregavam martelos, fogos de artifício e um fuzil. Confrontos entre manifestantes foram registrados em várias cidades, apesar do policiamento reforçado e ostensivo.

Nas eleições mais caóticas da história americana, tudo ficou imprevisível.

O resultado pode ser anunciado ainda hoje à noite, segundo a CNN, pois faltavam poucos delegados para Joe Biden chegar aos 270 no colégio eleitoral, ou daqui a algumas semanas, quem sabe no mês que vem, quando a Justiça terminar de julgar todos os recursos de Trump.

Ganhe quem ganhar, os Estados Unidos já perderam. As sequelas desta campanha eleitoral, com o crescente clima de intolerância, ainda vão perdurar por muito tempo. A imagem do império americano foi abalada e virou motivo de chacota nas redes sociais.

Com o país rachado ao meio, de cima abaixo, de uma costa a outra, a democracia americana foi colocada em xeque pelo próprio presidente da República, que contesta a legalidade do processo eleitoral e dos votos enviados pelo correio, em número muito maior este ano por causa da pandemia.

Enquanto isso, o candidato democrata pede "calma e paciência", e membros do seu comitê eleitoral, como o conselheiro Bob Bauer, denunciam as "ações desesperadas dos republicanos que não aceitam a derrota".

Para mostrar que não desistirá tão facilmente, antes de o dia acabar Donald Trump lançou uma campanha para arrecadação de fundos destinados a custear os processos na justiça.

Como prometeu durante a companha, o republicano quer levar suas ações até a Suprema Corte, onde conta com folgada maioria, depois de nomear três novos juízes.

O mundo que espere por uma decisão, ele não tem pressa.

Vida que segue.