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Trump bem que poderia antecipar posse de Biden para salvar vidas

O presidente dos Estados Unidos, derrotado nas urnas, deveria fechar as cortinas de seu espetáculo antecipadamente - Jim Urquhart/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, derrotado nas urnas, deveria fechar as cortinas de seu espetáculo antecipadamente Imagem: Jim Urquhart/Reuters

Colunista do UOL

09/11/2020 13h07

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Passada a euforia com a vitória de Joe Biden, com o povo comemorando nas ruas dos Estados Unidos, e que animou os mercados financeiros globais, os americanos e o mundo civilizado caíram na real nesta segunda-feira: ainda faltam longos dois meses e dez dias para acabar a agonia do governo Donald Trump.

Mas até agora ele não mostra a menor disposição para desocupar a moita da Casa Branca no prazo marcado pela Constituição americana, ao meio-dia de 20 de janeiro de 2021.

Muito ao contrário, além de espernear na Justiça para melar o resultado das eleições, Trump já deixou claro que vai colocar todos os obstáculos possíveis para impedir Biden de iniciar o processo de transição civilizada entre os governos.

Quase 48 horas após o anúncio da vitória do democrata, a Administração de Serviços Gerais ainda não autorizou a equipe de Biden a utilizar recursos federais e ocupar espaços em prédios públicos para preparar as primeiras medidas do novo governo.

Receber o vencedor na Casa Branca, como Obama fez com ele, nem pensar.

Pior do que isso: Tim Murtagh, porta-voz da campanha republicana, anunciou que Trump planeja fazer novos comícios para mobilizar sua base e continuar contestando os números projetados por toda a imprensa americana. Comícios, depois da eleição, só podem ter um objetivo: botar fogo no circo.

Governo Biden está na beira do gramado

Enquanto Trump ainda procura provas e testemunhas para sustentar suas denúncias de fraude eleitoral, o presidente eleito nomeará já nesta segunda-feira uma força-tarefa para o combate ao coronavírus, chefiada pelo médico Vivek Murthy, que fez parte da equipe de Barack Obama.

Biden quer lançar uma campanha para fazer o que Trump se recusou a fazer: defender o uso de máscaras, o distanciamento social e a aplicação massiva de testes neste país que registra mais de 100 mil casos novos de contaminação por dia e já conta com quase 300 mil mortos pela pandemia. .

Trata-se agora não mais de uma disputa política entre republicanos e democratas, mas de salvar vidas, que não podem esperar até o dia 20 de janeiro.

Setenta dias são uma eternidade para a maior potência mundial, que vive uma crise sanitária há oito meses, sem que o governo consiga controlar a pandemia. Não será agora que Trump mudará de ideia.

Até familiares já estariam achando que Trump foi longe demais

Se tivesse um mínimo de dignidade e de amor ao próximo, o que não demonstrou em quatro anos de governo, Donald Trump deveria antecipar a posse do presidente eleito para que ele possa adotar, o mais breve possível, medidas para salvar a economia e reconstruir as instituições públicas.

Sei que é pedir demais para quem só pensa nele mesmo como se fosse o dono do mundo e não aceita as regras democráticas de alternância do poder pelo voto.

Uma blitz de ações executivas (versão americana das medidas provisórias) já está sendo preparada por assessores do presidente eleito para desfazer medidas adotadas por Trump, como a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saúde.

No fim de semana, circularam informações na imprensa americana sobre a pressão de membros do governo e até de familiares para que Trump reconheça de uma vez a vitória de Biden e inicie o processo de transição, mas ele continua irredutível em não aceitar a derrota. Entre uma partida e outra de golfe, ele entra com novas ações na Justiça.

Só Trump e Bolsonaro ainda acreditam numa reviravolta no tapetão.

Vida que segue.