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Balaio do Kotscho

Está tudo dominado: Bolsonaro se prepara agora para controlar o Congresso

  Franco favorito, o candidato de Bolsonaro à presidência da Câmara, Arthur Lira,  recebeu  o apoio do PSL em café da manhã no Planalto                            -                                 REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
Franco favorito, o candidato de Bolsonaro à presidência da Câmara, Arthur Lira, recebeu o apoio do PSL em café da manhã no Planalto Imagem: REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS

Colunista do UOL

27/01/2021 17h20

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Sob o comando do general Luiz Eduardo Ramos, da secretaria de Governo, as tropas do Centrão avançam pelo Congresso e se preparam agora para assumir também o comando da Câmara, com o deputado Arthur Lira (PP-PI), a última instituição que ainda não estava sob o controle do governo.

Para quem já tinha maioria no STF (Supremo Tribunal Federal), manda na PGR (Procuradoria-Geral da República), na PF (Polícia Federal), na PRF (Polícia Rodoviária Federal), na CGU (Controladoria-Geral da União), na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) etc., e tem no ministro da Justiça seu advogado particular, só restava a Bolsonaro se livrar de Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem Paulo Guedes anda se estranhando, embora defendam a mesma política econômica.

Ao ver seu candidato Baleia Rossi (MDB-SP) sem chances na Câmara, traído pelo DEM de ACM Neto, Maia andou até defendendo o impeachment, mas agora é tarde, depois de ficar sentado sobre mais de 60 pedidos de abertura de processo contra o presidente.

A eleição de Lira na Câmara foi sacramentada no café da manhã desta sexta-feira, em que o candidato de Bolsonaro recebeu no Planalto apoio de 30 deputados do PSL, o partido nanico pelo qual se elegeu, e abandonou quando ficou grande, que começou apoiando Baleia, mas pulou para o barco governista, agora oficialmente.

"Vamos, se Deus quiser, participar e influir na presidência da Câmara com esses parlamentares de modo que possamos ter um relacionamento pacífico e produtivo para o nosso Brasil", comemorou o presidente, que tem falado cada vez mais em Deus.

No Senado, também está garantida a vitória do seu candidato, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que conta até com o apoio do PT numa grande aliança.

Sacudindo a poeira conservadora

Controlar o Congresso era vital para Bolsonaro, não só para se blindar de um processo de impeachment, mas para fazer avançar as pautas mais conservadoras, tanto nos costumes como na economia, em sua cruzada antitrabalhista, antissocial e armamentista.

Com a popularidade em queda, o próximo passo é dar uma mexida na Esplanada dos Ministérios, já antecipada hoje pelo vice, general Mourão, novo porta-voz e ombudsman do governo, que rifou o chanceler olavista Ernesto Araújo e previu mais mudanças.

Sem nenhum programa de governo até agora, o único objetivo de Bolsonaro é chegar vivo à campanha pela reeleição em 2022 e proteger os filhos dos seus problemas na Justiça.

De super-ministro da Economia a engolidor de sapos, Paulo Guedes que se cuide. Se não reagir logo nas pesquisas, o presidente não pensará duas vezes em criar um novo auxílio emergencial e mandar o teto de gastos para o espaço junto com o Posto Ipiranga.

Pazuello no exílio

Outro que está na marca do penalti é o obediente general Eduardo Pazuello, exilado em Manaus desde sábado, sem passagem de volta, que vai pagar o pato pela catastrófica gestão do combate à pandemia à base de cloroquina em lugar de oxigênio e vacinas, uma receita do doutor Bolsonaro. .

Quem atrapalhar os planos reeleitorais do presidente vai rodar, seja amigo ou inimigo, não importa.

O que Bolsonaro fala e promete não se escreve, porque todo dia ele mente e se desmente, muda de opinião como quem troca de camisa, e acha graça.

Como uma biruta de aeroporto, agora ele quer terceirizar a vacinação, incentivando a iniciativa privada a comprar os imunizantes que o general Pazuello deixou escapar por ordens dele, colocando todo tipo de obstáculos.

De olho no "novo" Congresso

O cenário para os próximos dois anos, com este "novo" Congresso, não é nada animador, lamento informar.

Vejam o que escreveu minha colega Rosângela Bittar, em sua coluna no Estadão, sob o título "Com as mãos ao alto":

"As lideranças políticas estão a cinco dias da rendição ao presidente Jair Bolsonaro, o que se consumará ao elegerem o novo comando do Poder Legislativo. A confirmarem-se as prévias, estarão os parlamentares promovendo sua incorporação às vilanias do governo".

Está tudo dominado.

Vida que segue.

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