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Balaio do Kotscho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Temos um problema: o que fazer para nos livrarmos do estorvo Bolsonaro?

Jair Bolsonaro (sem partido) e Michelle cumprimentam apoiadores no aniversário do presidente - Reprodução/Facebook
Jair Bolsonaro (sem partido) e Michelle cumprimentam apoiadores no aniversário do presidente Imagem: Reprodução/Facebook

Colunista do UOL

22/03/2021 11h25Atualizada em 22/03/2021 14h52

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"Enquanto eu for presidente, só Deus me tira daqui", bradou Bolsonaro no domingo a uma centena de devotos, que foram ao Alvorada para comemorar o aniversário de 66 anos do presidente.

No Rio, numa cena assustadora, um batalhão de paramilitares uniformizados marchou pela Barra da Tijuca em homenagem ao "Mito".

Se alguém tentar tirá-lo de lá, o capitão ameaça chamar o " meu Exército".

Não sei o que Deus e os generais pensam disso, mas a maioria dos brasileiros quer vê-lo pelas costas, como mostram todas as pesquisas, com viés de alta na rejeição.

Entre eles, incluem-se agora mais de 500 empresários, banqueiros, economistas e ex-ministros da Fazenda, que lançaram um manifesto pedindo "lockdown" nacional e providências do governo para enfrentar a pandemia fora de controle.

É a primeira vez nesta crise sem fim que a elite econômica dá o ar da sua graça, para se juntar às centenas de entidades da sociedade civil que já se manifestaram contra o desgoverno bolsonarista, prestes a contabilizar 300 mil mortos e 12 milhões de brasileiros infectados pelo coronavírus, sem qualquer solução à vista.

Em Brasília, arma-se novamente um pacto entre poderes para um grande acordo nacional com a participação de governadores na tentativa de salvar o governo e o país, que está há 8 dias sem ministro da Saúde.

Ou melhor, temos no momento dois ministros, o general Pazuello, que ainda não desocupou a moita e perambula por Brasília como um fantasma, e o médico Marcelo Queiroga (quem?), já nomeado mas ainda não empossado. Ou seja, não temos nenhum.

O problema é que Bolsonaro ainda não sabe como proteger Pazuello, ameaçado por vários processos pela desastrosa gestão da pandemia, e que pode ir para a cadeia, se perder o foro privilegiado.

Como Queiroga já prometeu dar continuidade ao "magnifico trabalho" do general, não corremos o menor risco de algo mudar para melhor.

Até porque, como sabemos, quem manda no Ministério da Saúde é o próprio doutor Bolsonaro, com sua política negacionista, regada a cloroquina e outras crendices, que atrasou propositalmente a compra de vacinas.

Líderes empresariais e políticos de todas as latitudes, diante da absoluta incapacidade do capitão de comandar o país, começaram a discutir abertamente nos últimos dias o que fazer com Bolsonaro, que se tornou um estorvo difícil de ser removido.

Em outros governos, sempre houve a turma do "quanto pior melhor", mas agora quem adota essa política é o próprio governo, que estimula o caos para aparecer mais adiante como salvador da pátria, quem sabe montado num cavalo da PM, como já fez no ano passado durante as manifestações antidemocráticas.

Bolsonaro já demonstrou à exaustão, desde os seus tempos de deputado, que é absolutamente incompatível com as regras de um governo democrático, agindo como um elefante numa loja de louças, em busca de alimento para seus instintos golpistas.

Nada mais parece capaz de fazê-lo sair do seu mundo paralelo para encarar a realidade e mudar de comportamento.

A mesma elite que agora se mobiliza em defesa da vida embarcou nas lorotas liberais de Paulo Guedes, o grande gênio que virou frentista de um Posto Ipiranga falido sem combustível.

O cenário é de fim de feira e, quanto mais acuado se sente, mais o capitão procurará conflitos para colocar as tropas na rua.

Só gostaria de saber com qual objetivo.

Vida que segue.

Balaio está agora também no Youtube: assista aqui.

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