Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Na contramão do mundo, Bolsonaro ameaça mais uma vez chamar o Exército
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Bolsonaro parece aquele recruta zero que não acerta o passo, e acha que todos os outros soldados estão marchando errado.
Na contramão do mundo civilizado, no mesmo dia em que o presidente russo Vladimir Putin decretou "lockdown" total no país por 10 dias para combater a escalada da pandemia, aqui no Brasil o capitão ameaçou novamente chamar o Exército contra as medidas de restrição adotadas pelos governadores.
O velho truque de botar as tropas na rua já não funciona mais. Nem os militares parecem dispostos a servir ao projeto genocida do presidente, que apregoa o caos para justificar seus atos insanos.
Como seria a intervenção militar planejada por Bolsonaro?
As tropas iriam de casa em casa para "acabar com a covardia do toque de recolher" e "libertar o povo" para trabalhar e ir às baladas?
Ou invadiriam os palácios dos governadores para cortar o mal pela raiz e levar todos presos?
Seria cômico, se não fosse trágico, o capitão querer provocar uma guerra federativa a essa altura do campeonato, com o país se aproximando dos 400 mil mortos e viés de alta.
O primeiro a reagir foi o governador paulista, João Doria, que acusou Bolsonaro de "selar um pacto com a morte, que só não é maior no Brasil por conta da ação de governadores e prefeitos. Essa postura demonstra mais uma vez o quanto Bolsonaro tem devoção pelo autoritarismo e alergia à democracia".
A toda hora ele fala em ameaça de saques porque o povo está passando fome, como se estivesse incentivando baderneiros a promover o caos.
Em mais uma investida pela periferia de Brasília neste sábado, montado em sua moto, Bolsonaro entrou sem máscara em casas de moradores e num mercado coberto, desafiando as normas em vigor na cidade para evitar aglomerações.
Encurralado pela CPI do Senado, onde ficou em minoria, depois de tentar melar a instalação da comissão, o presidente quer demonstrar força para esconder o medo que o move a cada nova ameaça de usar as tropas para combater a pandemia.
Circula pelo país, levando a tiracolo o general Pazuello, que virou um zumbi à espera de ir para o matadouro das investigações sobre os crimes praticados pelo governo, como se o principal responsável não fosse o próprio presidente, que adiou a compra de vacinas até onde pode.
O caos que já está instalado é o do programa nacional de imunizações do Ministério da Saúde, incapaz de estabelecer um cronograma e regras claras para os grupos prioritários na vacinação.
Não adiantou nada trocar Pazuello por um certo Queiroga, que também já está seguindo as receitas do presidente para promover o uso de cloroquina no serviço público de saúde.
Enquanto o resto do mundo já está começando a voltar à vida normal, com a queda no número de mortes e de casos, depois de seguidos períodos de restrição à circulação de pessoas, aqui afundamos cada vez mais no negacionismo e no embate cretino do presidente contra os governadores.
Não há nenhuma chance de melhorar. Bolsonaro irá até o fim com as suas certezas e dobra a aposta em seu projeto genocida, que agora ameaça não só o Brasil, mas o mundo, com sua total irresponsabilidade.
Ele não vai sossegar enquanto não chamar o general Braga Netto para deflagrar o seu plano sinistro, que vê uma conspiração em cada esquina, como se todos estivessem contra o pobre presidente marchando na contramão.
Vida que segue.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.