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Bolsolão secreto: compra de parlamentares do Centrão garante a impunidade
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"Bolsonaro gastou, às escondidas, R$ 3 bilhões do orçamento para comprar apoio de deputados e tratores superfaturados. Isso pagaria 5 milhões de auxílios emergenciais de R$ 600 e 58 milhões de doses da vacina Pfizer no valor da primeira oferta. Governo corrupto e assassino!" (Deputado federal Marcelo Freixo - PSOL/RJ).
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O novo escândalo do orçamento frankenstein do governo federal, denunciado domingo pelo Estadão, teoricamente poderia levar a mais um pedido de impeachment de Bolsonaro por crime de responsabilidade, somando-se a outra centena nas mãos do presidente da Câmara, o aliado Arthur Lira, se esse dinheiro não tivesse sido distribuído a parlamentares do Centrão, o que na prática garante a impunidade do presidente.
Foi exatamente para isso que o governo abriu o cofre e partiu para as compras, no momento em que Bolsonaro é investigado pela CPI do Senado sobre a desastrosa gestão de combate à pandemia, em que os ex-ministros da Saúde Mandetta e Teich já revelaram um roteiro de irregularidades que agravaram a crise sanitária e levaram a mais de 420 mil óbitos.
O repórter Breno Pires apresentou o mapa completo da corrupção em que os parlamentares são duplamente beneficiados: destinam a verba à compra de equipamentos pelo Ministério do Desenvolvimento Regional para seus redutos eleitorais e ainda recebem por fora um agrado graças ao superfaturamento.
Chama a atenção na lista de beneficiados pelo esquema a atuação do ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM/AP), que recebeu um total de R$ 277 milhões de verbas públicas do orçamento.
Só para a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), tradicional ninho de corrupção entregue por Bolsonaro ao Centrão, o senador destinou R$ 81 milhões. Alcolumbre mandou verbas para tratores até para cidades do Paraná, que ficam a 2,6 mil quilômetros do Amapá.
Como cada parlamentar tem direito a R$ 8 milhões das chamadas "emendas individuais" para utilizar as verbas livremente, o ex-presidente do Senado levaria 34 anos para conseguir esse valor.
Para quem prometeu "acabar com a mamata" do "é dando que se recebe", até que Bolsonaro aprendeu rapidamente a conviver com a "velha política" que ele condenava na campanha eleitoral.
O dinheiro que falta de um lado, para enfrentar os efeitos da pandemia, sobra de outro, quando se trata de garantir a retaguarda parlamentar, e tudo continuaria secreto se não tivesse aparecido um bom repórter no meio do caminho para revelar a maracutaia toda com nomes e endereços.
E o que vai acontecer agora? Provavelmente, nada, a depender do presidente da Câmara, Arthur Lira, aliado de primeira hora de Bolsonaro, que já disse várias vezes não encontrar motivos para abrir um processo de impeachment contra o presidente.
Enquanto isso, com a demora na vacinação feita a conta-gotas, milhares de pessoas continuam sendo contaminadas e morrem todos os dias na pandemia sem fim, e milhões de brasileiros são obrigados a sobreviver com auxílios a partir de R$ 150 por mês.
Eleito nas ondas da Lava Jato, com a bandeira do combate à corrupção, Bolsonaro não se cansa de louvar a austeridade do seu governo no controle de gastos públicos, mas até o momento em que escrevo ainda não veio a público explicar as emendas secretas do orçamento.
Em vez disso, publicou um tuíte parabenizando a polícia do Rio pela operação que executou 28 moradores na favela do Jacarezinho, semana passada, lamentando apenas a morte de um policial.
Vida que segue.
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