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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Brasil descendo a ladeira sem freios cai para 13º lugar, atrás da Austrália

Ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco, em depoimento na CPI da Covid - Marcos Oliveira/Agência Senado
Ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco, em depoimento na CPI da Covid Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Colunista do UOL

09/06/2021 16h02

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O noticiário sobre o Brasil nesta quarta-feira - um dia como todos os outros, na metade do terceiro ano da Era Bolsonaro - me dá um desânimo danado, um misto de revolta e vergonha pelo que está acontecendo.

Logo cedo, um amigo me manda WhatsApp informando que o Brasil caiu mais uma posição no ranking das maiores economias do mundo.

Segundo a consultoria Austin Rating, ocupamos agora a 13ª posição, com viés de baixa, atrás até da Austrália.

E pensar que há uma década o Brasil era a 6ª economia mundial, atrás apenas de Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Reino Unido, galgando posições a cada ano.

Como foi possível destruir um grande país em tão curto espaço de tempo para a vida de uma nação?

Podemos encontrar uma das razões na manchete da Folha: "Fuga de cérebros para o exterior salta 40% sob Bolsonaro".

Os melhores cientistas, médicos, engenheiros, economistas, a elite pensante do país, eles estão indo embora em busca de um futuro melhor.

O jornal lembra que, de 2008 a 2012, o Brasil chegou a atrair muitos executivos estrangeiros. "Mas o movimento se inverteu".

Inverteram-se também todos os índices sociais e econômicos que medem a grandeza ou a decadência de uma nação.

Para onde se olha, é só terra arrasada, da educação à saúde, da cultura ao meio ambiente, das relações internacionais à ciência, como se o Brasil estivesse em guerra com outro país.

No nosso caso, o exército de ocupação é daqui mesmo, não deixando pedra sobre pedra das instituições nacionais.

Nas últimas 24 horas, morreram mais 2.693 brasileiros e 52,7 mil foram contaminados nesta pandemia sem fim que nos assola e não deixa esperanças de um futuro melhor, mas isso já nem é notícia.

Para quem acompanhou o depoimento do coronel Élcio Franco Filho, um festival de mentiras e cinismo do nº 2 do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, fica fácil entender por que somos um dos países com maior número de casos e de óbitos no mundo, a caminho dos 500 mil mortos.

O descompromisso de Franco com os fatos e suas ações e omissões enquanto esteve no ministério causam indignação e nojo.

O coronel foi capaz de dizer aos senadores que a monumental compra de cloroquina pelo governo em 2020, que mobilizou o Exército e o Ministério de Relações Exteriores, foi para o programa de combate à malária, como se esse fosse o maior problema de saúde do país, e não a covid-19.

Em seguida, depois de negar que o governo tivesse receitado o "kit covid", recomendado pelo "gabinete das sombras" montado por Bolsonaro e Osmar Terra, com um bando de curandeiros para o enfrentamento da pandemia, ele teve a cara de pau de dizer que também pegou covid, mas se curou tomando cloroquina e outras mandingas.

Faz mal à saúde acompanhar essa CPI, o que faço apenas por dever de ofício, tamanha a quantidade de sandices e barbaridades ditas pelos depoentes e pela bancada governista, que estão lá só para obstruir os trabalhos e melar a comissão. É um verdadeiro escárnio.

Foi por isso que decretaram sigilo de 100 anos naquele processo administrativo do general Pazuello em que ele foi absolvido pelo Alto Comando do Exército, após cometer uma grave infração disciplinar?

Só a presença de um general e um coronel no comando do combate à pandemia, que levaram para lá outros 17 militares ocupando postos-chaves, todos eles sem nenhuma experiência anterior na área da saúde, já basta para mostrar a seriedade com que o governo tratou a maior crise sanitária já vivida no país, alvo da investigação da CPI.

Na economia, sob os cuidados do mago Paulo Guedes, a taxa de inflação acumulada pelo IPCA em 12 meses subiu a 8,06% em maio, o pior resultado desde 1996. De desemprego, é melhor nem falar.

Se você conseguir chegar até a editoria de esportes, passará vergonha com o "manifesto" dos jogadores da seleção brasileira, que pariram um rato covarde ao criticar a realização da Copa América no Brasil, omitindo o nome dos responsáveis por essa insanidade. Eles só queriam se livrar do Rogério Caboclo e tirar férias...

Tudo isso sem falar nas sessões diárias de deboche e desinformação no cercadinho do Alvorada, que já nem acompanho mais.

Prefiro ler livros de não-ficção.

Se alguém encontrar alguma coisa boa no noticiário, que não seja mentira, favor mandar para a redação.

Vida que segue.