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OPINIÃO

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A alegria do melhor futebol do mundo está de volta com a Itália na Eurocopa

Colunista do UOL

06/07/2021 21h10

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Nada como ver um futebol bem jogado, sempre no sentido vertical, em busca do gol, onde a bola não sossega, sem firulas e cai-cai de jogadores estrelados, com técnicos que não inventam, os dois times correndo sem parar no gramado impecável do britânico estádio de Wembley, em que daria para jogar bilhar.

Sim, eu vi tudo isto na tarde desta terça-feira numa semifinal da Eurocopa, em que a Itália bateu a Espanha por 4 a 2 na decisão por penaltis (o tempo normal terminou 1 a 1), depois de 120 minutos de muita emoção, garra e talento coletivo.

As supercampeãs Alemanha e França tinham ficado pelo caminho, nas quartas de final.

Para quem gosta de futebol, foi um prato cheio, uma felicidade como há muito tempo eu não sentia, desde que Pelé e Garrincha pararam de jogar. Eram a alegria do povo, lembram-se? .

Inglaterra e Dinamarca decidem amanhã quem vai ser o outro finalista, mas estas quatro seleções poderiam ser proclamadas campeãs porque são do mesmo nível de excelência. Não percam, às quatro da tarde, na Globo e no SporTV. A decisão é domingo, também às quatro da tarde, em Wembley. Quem ainda não viu os jogos da Eurocopa, não sabe o que perdeu.

Não esperem ver em campo nenhum grande craque. O que encanta neste futebol europeu renovado é o jogo coletivo, em que todos são cúmplices na busca da vitória. Não perdem tempo reclamando do juiz, que a gente nem nota em campo.

As torcidas de Espanha e Itália fizeram uma baita festa durante todo o jogo, muita gente bonita e fantasiada com as cores e símbolos dos seus países, sem brigas, sofrendo ou vibrando, até o final da prorrogação. A comemoração dos italianos eufóricos, no final da decisão por penaltis, fez lembrar os melhores momentos das torcidas do Flamengo e do Corinthians.

Invicta há 33 jogos, desde setembro de 2018, a jovem seleção do técnico Roberto Mancini remoçou o futebol italiano sem querer reinventar a roda, mas não abriu mão do veterano zagueiro Chiellini, 36 anos, o capitão do time, um mestre em administração de empresas que se diverte em campo como se estivesse jogando uma pelada de fim de semana.

No sorteio para escolher quem bateria primeiro os penaltis e o lado do campo, o grandalhão Chiellini fez brincadeiras com o juiz e o capitão espanhol, o baixinho Jordi Alba. Os dois saíram abraçados. Os dois goleiros, o italiano Donnarumma, de 22 anos, e o espanhol Unai Simon, de 24, também se abraçaram antes das cobranças. Quando o futebol não é uma guerra, fica mais bonito de ver.

O nosso futebol foi lembrado no penalti decisivo, batido por Jorginho, brasileiro naturalizado italiano, que só rolou a bola para o canto, no melhor estilo Romário: bola para um lado, goleiro para o outro.

Outros dois brasileiros entraram em campo: o meio de campo Tiago Alcântara, naturalizado espanhol, e o zagueiro Rafael Tolói, naturalizado italiano.

Nenhum deles chegou a fazer carreira no Brasil, que se tornou um grande exportador de pé-de obra para a Europa, onde joga quase toda a seleção brasileira.

Deu saudades do tempo em que o melhor futebol do mundo era o nosso e os grandes craques jogavam aqui.

Vida que segue.