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OPINIÃO

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Contagem regressiva: faltam ainda 180 dias para acabar o governo Bolsonaro

O tempo vai demorar a passar, mas um dia essa agonia acaba: o que ainda poderá acontecer até lá? - Divulgação
O tempo vai demorar a passar, mas um dia essa agonia acaba: o que ainda poderá acontecer até lá? Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

04/07/2022 11h31

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Quem nos informa é o brilhante jornalista Alberto Villas, editor solitário da newsletter "O Sol", que leio todas as manhãs quando abro o computador: faltam apenas (ou ainda) 180 dias para o fim desse pesadelo.

Como acontece desde que lançou a sua publicação digital, ele está fazendo a contagem regressiva dos dias que restam para acabar o pior governo da história da nossa massacrada República.

Villas se esforça para trazer também boas novidades, geralmente da área de cultura, em meio às desgraças diárias, mas não está fácil.

"E os assédios que nós não ficamos sabendo?", pergunta ele hoje na manchete, e até sugere uma nova pesquisa para o Datafolha: "Você já foi assediada por alguém?"

Só ficamos sabendo desses casos de assédio sexual, cada vez mais frequentes, quando envolvem algum homem famoso. Com medo de perder o emprego, e para não passar vergonha, são raras as mulheres que denunciam seus assediadores, até porque, geralmente, não acontece nada.

Basta uma delas romper a cortina de silêncio, no entanto, para que logo apareçam muitas outras vítimas do mesmo criminoso. No caso do tarado da Caixa, já são mais de 50 as denúncias levadas nos últimos dias às autoridades dos diversos inquéritos abertos para investigar o modus operandi do ex-presidente Pedro Guimarães e seus cúmplices.

"Quantas mulheres serão assediadas amanhã e ficarão caladas?", pergunta o desconsolado editorial de Villlas. "Torcemos para que todas tenham a mesma coragem das funcionárias da Caixa e que os cafajestes sejam punidos".

A newsletter reproduz as capas dos principais jornais e revistas do Brasil e do mundo e acrescenta pequenos comentários bem humorados. Por exemplo, na edição de hoje, sob a manchete da Folha ("Ambiente tem dados piores após mudança no ministério"), ele escreve: "Lembrando um velho ditado: Mudou o mosquito, mas a merda continua a mesma".

O que me aflige é pensar quantas maldades e barbaridades esse presidente e seu bando de incompetentes, celerados e inúteis ainda podem praticar nos seis meses que lhes restam de exercer poder sobre as nossas vidas.

Esta semana, com pressa para comprar os votos que lhe faltam para conseguir a reeleição, distribuindo migalhas aos pobres, Bolsonaro e seu lugar-tenente Arthur Lira, o dono da Câmara, querem atropelar os prazos regimentais para aprovar a toque de caixa a PEC kamikaze que vai arrombar os cofres públicos e explodir no colo do próximo governo.

Em compensação, querem adiar para agosto, ou para o dia de São Nunca, a abertura da CPI do Ministério da Educação dos aloprados pastores da propina, já que, segundo o capitão e seus generais, "não tivemos corrupção em três anos e meio de governo, só casos isolados". Pois, sim senhor, só rindo. Faltava apenas um escândalo sexual. Não falta mais, graças ao sabujo e impetuoso Pedro Guimarães, que se tornou um símbolo da decadência moral dos defensores da família cristã, dos cidadãos de bem e da nossa liberdade (deles, é claro).

O perigo é, uma vez aberta a porteira, aparecerem muitos outros "casos isolados", que nós ainda não estamos sabendo, além dos escândalos em série já conhecidos com as compras do Ministério da Defesa, licitações da Codevasf e da Secom, ônibus escolares e tratores superfaturados, sem falar no maior de todos, o orçamento secreto entregue ao Centrão, que um dia ainda haverá de ser investigado a fundo, se e quando Augusto Aras deixar.

A grande corrupção, no entanto, ainda não dá para orçar, que é o desmonte das estruturas de controle e fiscalização na Amazônia, o dinheiro que falta e faltará ainda mais na educação e na saúde, o ataque à cultura, a desmoralização do país na relação com outros países, a ponto de Bolsonaro pedir a interferência de Joe Biden por uma ajudinha dos Estados Unidos na eleição brasileira, para combater o "perigo vermelho".

Pensando bem, 180 dias podem ser pouco tempo na história de um país, mas no nosso caso serão uma eternidade para que esse pesadelo um dia tenha fim, tal a capacidade de destruição deste governo, não só do nosso presente, mas também do futuro das novas gerações.

Vida que segue.