Enquete mostra que ampla maioria quer ver Dilma passar a faixa para Lula

"Quem deve entregar a faixa para o Lula?", perguntei esta semana aos leitores numa enquete particular da minha página no Facebook, depois que o capitão Bolsonaro e seu vice, general Mourão, já avisaram que não participarão da passagem do poder no dia 1º de janeiro de 2023, o que seria a última desfeita do desgoverno da dupla ao povo brasileiro.

A ampla maioria das respostas que recebi em mais de 1,3 mil comentários (uma amostra considerável, já que a maioria das pesquisas de opinião ouve em média 2 mil eleitores) apontou o nome da ex-presidente Dilma Rousseff.

Nas declarações de voto, muitos eleitores justificaram que seria uma forma de reparar a injustiça praticada contra ela no golpe branco jurídico-parlamentar-militar de 2016.

"Seria maravilhoso. Se for possível, vai ser uma forma de a população entender o quanto essa mulher foi injustiçada", escreveu Marise Monteiro.

Dilma teve cerca de 80% dos "votos válidos", que continuam chegando, e os demais indicaram personalidades, como o padre Júlio Lancellotti, e os presidentes do Judiciário e do Legislativo, além de "representantes do povo". Foram citadas lideranças dos povos indígenas e dos quilombos, das mulheres, dos nordestinos, dos favelados e dos demais segmentos sociais que deram a vitória a Lula em outubro.

Vale a pena ler todos os comentários enviados, como eu fiz, para saber o que sua excelência, o eleitor, está pensando sobre a cerimônia da posse de Lula, sem a participação do presidente derrotado.

Abaixo, selecionei algumas declarações de voto para dar uma ideia dos motivos que levaram os leitores/eleitores a votar majoritariamente na ex-presidente Dilma Rousseff. Aqui os votos não são secretos.

"Faz todo o sentido. Foi a última presidente constitucional" (Luiz Fernando Emediato, jornalista e editor).

"A extraordinária Dilma Rousseff entregar a faixa será provocar os sediciosos militares.! Não é hora!. Eu prefiro que a faixa seja entregue por uma mulher, mãe, desempregada, moradora de rua, para mostrar que Lula foi eleito pelos pobres do Brasil, a grande maioria da população" (Paulo Umpierre).

"Janja Lula da Silva deveria contratar Datafolha ou IPec. Mas pode ser tudo junto: um representante ou dois do povo, um representante do Legislativo, um do Judiciário, passando em mãos entre si e para Dilma, e Dilma Rousseff (tirada do cargo por golpe) colocaria a faixa no Lula" (Marcos Manhães Marins).

"Por causa dos protocolos, isso será possível fazer? Tomara que sim, pois seria mesmo uma grande reparação histórica. O Lula devolveria a faixa para Dilma e ela o enfaixaria definitivamente. Seria o máximo! Se Deus quiser, verei esta imagem" (Edir vidal).

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Esta cena já poderia ter sido vista por todos em 2018, quando Lula concorria à sucessão, com ampla vantagem nas pesquisas, até ser condenado e preso pela Lava Jato, abrindo caminho para a vitória de Jair Bolsonaro.

Em outro post esta semana, escrevi que o ex-presidente em exercício "deve achar que, se ele não passar a faixa, Lula não poderá assumir..."

Agarrado à faixa presidencial que não quer entregar, o que Bolsonaro poderia fazer com ela? Levá-la para casa e pendurar numa parede da sala nas Vivendas da Barra? Como tem valor apenas simbólico, um adereço da cerimônia de alternância do poder, não serviria para muita coisa.

Não daria direito nem de entrar de graça nos cinemas nem de furar fila em restaurante chique.

Vida que segue.