Itamaraty condena ataque dos EUA ao Irã e pede urgente solução diplomática
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O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou hoje uma nota com condenação ao ataque dos Estados Unidos ao Irã.
"O governo brasileiro expressa grave preocupação com a escalada militar no Oriente Médio e condena com veemência, nesse contexto, ataques militares de Israel e, mais recentemente, dos Estados Unidos, contra instalações nucleares, em violação da soberania do Irã e do direito internacional. Qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica", diz a nota do Itamaraty.
Ainda segundo o texto, "ações armadas contra instalações nucleares representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, ao expô-las ao risco de contaminação radioativa e a desastres ambientais de larga escala".
O Brasil também diz em nota ressaltar a "urgente necessidade de solução diplomática que interrompa esse ciclo de violência e abra uma oportunidade para negociações de paz. As consequências negativas da atual escalada militar podem gerar danos irreversíveis para a paz e a estabilidade na região e no mundo e para o regime de não proliferação e desarmamento nuclear."
Na semana passada, o Itamaraty já havia condenado os ataques de Israel no Irã. Segundo membros da diplomacia brasileira, a situação atual, dos EUA, repete o caso de Israel, no qual o Brasil viu violação à soberania e ao direito internacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também havia condenado o ataque de Israel ao Irã no G-7, na semana passada.
Bastidores
A decisão de Donald Trump, presidente dos EUA, de atacar instalações nucleares do Irã não surpreendeu o governo brasileiro.
Integrantes da diplomacia consideram que a justificativa do americano foi frágil e contradiz informações da própria inteligência americana que informou que não há evidências de que o Irã esteja desenvolvendo uma arma nuclear. O ato, segundo diplomatas, foi ilegal e cabe ao Brasil condenar.
Dentro do governo, a avaliação é de que o conflito pode fortalecer a linha dura no Irã e a guerra tende a escalar após a entrada dos Estados Unidos. Há uma segunda preocupação dentro do governo brasileiro, com o efeito da guerra nos preços do petróleo e dos alimentos ao redor do mundo.
Nota na íntegra
Leia abaixo a íntegra da nota do governo brasileiro, divulgada pelo Itamaraty:
Ataques a instalações nucleares do Irã
O governo brasileiro expressa grave preocupação com a escalada militar no Oriente Médio e condena com veemência, nesse contexto, ataques militares de Israel e, mais recentemente, dos Estados Unidos, contra instalações nucleares, em violação da soberania do Irã e do direito internacional. Qualquer ataque armado a instalações nucleares representa flagrante transgressão da Carta das Nações Unidas e de normas da Agência Internacional de Energia Atômica. Ações armadas contra instalações nucleares representam uma grave ameaça à vida e à saúde de populações civis, ao expô-las ao risco de contaminação radioativa e a desastres ambientais de larga escala.
O Governo brasileiro reitera sua posição histórica em favor do uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos e rejeita com firmeza qualquer forma de proliferação nuclear, especialmente em regiões marcadas por instabilidade geopolítica, como o Oriente Médio.
O Brasil também repudia ataques recíprocos contra áreas densamente povoadas, os quais têm provocado crescente número de vítimas e danos a infraestrutura civis, incluindo instalações hospitalares, as quais são especialmente protegidas pelo direito internacional humanitário.
Ao reiterar sua exortação ao exercício de máxima contenção por todas as partes envolvidas no conflito, o Brasil ressalta a urgente necessidade de solução diplomática que interrompa esse ciclo de violência e abra uma oportunidade para negociações de paz. As consequências negativas da atual escalada militar podem gerar danos irreversíveis para a paz e a estabilidade na região e no mundo e para o regime de não proliferação e desarmamento nuclear.
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