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Nova presidente da Caixa quer colaborar com apuração do MP sobre assédio
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Indicada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para assumir o comando da Caixa Econômica Federal, após a queda de Pedro Guimarães por acusações de assédio, Daniella Marques afirmou a membros do governo que vai se empenhar para que as denúncias sejam investigadas. Nessas conversas, ela já mandou um recado: pretende colaborar com todos os órgãos envolvidos.
Mesmo sem ter assumido formalmente, ela já fez solicitações ao departamento jurídico da Caixa para verificar as atuais regras de governança e avisou que pretende montar um "comitê de gestão de crise". A ideia é criar uma instância de governança dentro do banco que possa apurar com maior rigor e celeridade as denúncias.
Segundo apurou a coluna, Daniella já avisou também que será uma política do banco a colaboração com investigações externas, como a do Ministério Público Federal, que apura as denúncias contra Guimarães.
A estratégia para blindar a Caixa das denúncias é pregar que o caso diz respeito a condutas de pessoas e não uma prática da instituição. "Ela vai contribuir com o MPF e vai trabalhar para fortalecer as políticas internas e a Caixa", disse um auxiliar do presidente.
Daniella ainda não assumiu o oficialmente o posto devido a questões burocráticas e seu nome ainda passará pelo comitê de elegibilidade do banco. A expectativa é que ela assuma o cargo de fato na semana que vem.
Fontes que já trabalharam com Daniella no mercado financeiro, quando ela era sócia do ministro Paulo Guedes, afirmam que a experiência da executiva em outras crises tende a ajudar neste processo de recuperação da imagem da Caixa. Dizem que a 'fórmula' que costuma ser usada pela executiva nesses casos é "isolar a crise, punir más condutas e tentar melhorar o clima motivacional do lugar".
'Carta-branca'
A ideia do presidente Bolsonaro escolher Daniella para o cargo foi vista por membros do governo e da campanha como positivo pelo fato de ela ser uma das poucas mulheres no governo. Bolsonaro tem dificuldade com o eleitorado feminino e as denúncias contra Guimarães, que era bastante próximo ao presidente, foram vistas como muito graves e danosas para a campanha à reeleição.
Segundo fontes do governo, Bolsonaro e Daniella tiveram ao menos dois encontros na quarta-feira (29) e o presidente deu liberdade para que a executiva faça mudanças nas regras e na equipe do banco.
Pauta feminina
Uma das diretrizes de Daniella no comando da Caixa será a de reforçar o programa Brasil para Elas, programa com políticas de estímulo ao empreendedorismo feminino, com concessão de crédito e capacitação.
Como secretária do Ministério da Economia, Daniella estava participando de caravanas pelo país para oferecer cursos, crédito, palestras e serviços com o objetivo de alavancar a participação feminina nos negócios. A caravana já passou por sete estados: Tocantins, Bahia, Amapá, Rio de Janeiro, Alagoas, Minas Gerais e São Paulo.
Ontem, quando seu nome foi escolhido pelo presidente, ela estava em uma dessas agendas em São Paulo. Veio a Brasília a pedido de Bolsonaro e participou - ainda como secretária de Guedes - de um evento no Palácio do Planalto. Na ocasião, Bolsonaro não fez menção ao episódio envolvendo Guimarães, mas desceu a rampa presidencial abraçado a ex-ministra Tereza Cristina.
Denúncias incluem toques íntimos; MPF investiga
As denúncias de funcionárias do banco, divulgadas pelo site Metrópoles, incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis com a relação de trabalho. Elas começaram a surgir no fim do ano passado e motivaram a abertura de uma investigação pelo MPF (Ministério Público Federal).
Todas as mulheres que falaram ao Metrópoles, sem que seus nomes fossem divulgados, trabalham ou trabalharam em equipes que atendem diretamente o gabinete da presidência da Caixa. As cinco entrevistadas disseram que se sentiram abusadas em diferentes ocasiões, e sempre em compromissos de trabalho.
Ex-presidente nega acusações
Acusado de assédio, o agora ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, oficializou o seu pedido de demissão do cargo por meio de uma carta entregue ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e divulgado em suas redes sociais.
O economista afirmou que combateu o assédio dentro do banco, negou as acusações e disse ser colocado em uma "situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade".
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