Carla Araújo

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Reportagem

Defesa de Bolsonaro espera o mesmo destino de vacina para caso das joias

O pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) de arquivamento da investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta fraude no cartão de vacinação de covid-19 foi celebrado pela defesa do ex-presidente, que espera agora que Paulo Gonet tenha a mesma atitude em relação ao inquérito que apura crimes relacionados à venda no exterior de joias recebidas durante viagens oficiais pela Presidência.

Nesta tarde, Moraes aceitou os argumentos da PGR e mandou arquivar o inquérito.

"Aguardamos que o destino desse inquérito sobre presentes na Presidência seja o mesmo: o arquivamento. Já há decisão do TCU [Tribunal de Contas da União] sobre isso e não tem sentido esse inquérito continuar", disse à coluna o advogado Paulo Cunha Bueno, que faz parte da defesa de Bolsonaro.

Em seguida, ele criticou o inquérito: "A despeito do acerto do parecer e do inevitável acolhimento pelo ministro relator, está-se a ver que a referida investigação — vazia de qualquer elemento, ainda que mínimo —, como se vinha afirmando, prestou-se só e somente como ambiente para a malsinada e mentirosa colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Fundamentos concretos para a investigação, que culminou com o insólito indiciamento do presidente Bolsonaro, é bem de se ver, nunca houve", escreveu Bueno nas redes sociais.

No caso da investigação sobre a tentativa de golpe —no qual Bolsonaro se tornou réu nesta semana—, Bueno divide a defesa do ex-presidente com o advogado Celso Vilardi.

Os dois afirmaram que o momento é de estudar para decidir a estratégia da defesa daqui para a frente.

Delação de Cid e 'pesca probatória'

Com o arquivamento da investigação sobre vacinas, segundo Bueno, há o entendimento de que a denúncia do golpe pode ser enfraquecida e que pode ficar demonstrado que a intenção do inquérito das vacinas foi criar provas contra Bolsonaro. Foi no âmbito desta investigação que o ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, foi preso e virou delator do esquema golpista.

"O pedido de arquivamento, um dia depois de o presidente se tornar réu, deixa claro que a única finalidade era fazer uma pesca probatória", diz Bueno.

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Apesar disso, ainda não está decidido o que a defesa poderá fazer com essa avaliação, já que no julgamento da 1ª Turma desta semana a defesa já tinha apresentado questionamento processual neste sentido, e ele foi rejeitado pelos ministros.

Ao rejeitar o argumento da defesa, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que, na verdade, houve um "desencadeamento de investigação".

No curso de uma investigação séria, uma investigação acompanhada pelo Ministério Público, Polícia Federal, Poder Judiciário, se você encontra outros crimes, o que você vai fazer? A Polícia vai simplesmente ignorar os demais crimes?
Alexandre de Moraes, ministro do STF

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