Carla Araújo

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Reportagem

AGU pede que PF investigue deputado que desejou morte de Lula

A Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou hoje uma notícia de fato à Polícia Federal (PF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR), solicitando que as instituições adotem as providências cabíveis, incluindo possível investigação criminal, em razão das declarações feitas hoje pelo deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES) durante sessão na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados.

No despacho, a AGU informa que as declarações podem configurar, em tese, os crimes de incitação ao crime (art. 286 do Código Penal) e ameaça (art. 147 do Código Penal), merecendo apuração rigorosa pelos órgãos competentes.

O advogado-geral da União Jorge Messias também se manifestou no X. "É inaceitável no Estado Democrático de Direito que um parlamentar use o espaço nobre da Comissão de Segurança Publica da Câmara para defender a morte do presidente da República Federativa do Brasil", disse.

Há de se apurar, ainda (...), se tais manifestações excedem ou não os limites da imunidade parlamentar, de acordo com o art. 53 da Constituição Federal, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tem entendido que a imunidade material não protege manifestações que configurem crimes contra a honra ou incitação à violência, especialmente quando se voltarem contra instituições democráticas ou agentes públicos investidos em função de Estado. (STF, Inq 4781).
Trecho do documento da AGU

O deputado, que relata o projeto que prevê a redução da segurança presidencial disse que desejava a morte do presidente.

"Por mim, eu quero mais é que o Lula morra, eu quero que ele vá para o quinto dos infernos. É um direito meu. Não vou dizer que vou matar o cara, mas eu quero que ele morra", disse o deputado. "Quero que ele vá para o quinto dos infernos porque nem o diabo quer o Lula. É por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer... Tomara que tenha uma taquicardia, porque nem o diabo quer essa desgraça desse presidente que está afundando nosso país. E eu quero mais é que ele morra mesmo. Que andem desarmados. Não quer desarmar cidadão de bem? Que ele ande com seus seguranças desarmados."

A AGU determinou ainda a imediata instauração de procedimento administrativo interno para apurar o fato, ressaltando que as providências adotadas "visam à salvaguarda da integridade das instituições republicanas e do Estado democrático de Direito".

Na sessão na qual ocorreu a manifestação de Gilvan da Federal, os deputados da Comissão de Segurança Pública aprovaram o Projeto de Lei n. 4012/23, que veda o uso de armas de fogo pelos agentes da segurança pessoal do presidente da República e dos ministros de Estado.

Reportagem

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