Exército vê 'lavação de roupa suja' e 'celebra' Cid sem farda em depoimento

Ler resumo da notícia
A ordem foi dada: o momento é de "silêncio-rádio" no Exército, um jargão militar para dizer que não é a hora de o atual comando da Força fazer manifestações a respeito do julgamento da tentativa de golpe que acontece no STF (Supremo Tribunal Federal).
O argumento é que qualquer manifestação só deve acontecer ao fim do processo, que agora é de total responsabilidade da Justiça.
Sob reserva, porém, alguns generais que conversaram com a coluna fizeram uma avaliação do comportamento e das falas do tenente-coronel Mauro Cid, já que, apesar de afastado das funções, ele ainda compõe o quadro do Exército.
Nas palavras de um militar de alta patente, foi uma "lavação de roupa suja, ao vivo e a cores em rede nacional", afirmou, em referência ao fato de a sessão ter sido transmitida para todo o país pela TV Justiça.
A avaliação feita por membros da caserna é que Cid começou sua fala aparentando estar "aliviado" e "seguro". E demonstrou que não recuaria no fato de implicar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na tentativa de golpe.
Com o decorrer da sessão e, principalmente, com os questionamentos dos advogados dos demais réus, a percepção foi a de que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro passou a demonstrar certo desconforto.
Apesar disso, avaliou uma fonte, não houve momentos de tensão ou que o Cid pudesse implicar o Exército.
Mais militares de alta patente no banco dos réus
O fato de Cid não ter usado farda foi visto com alívio por fontes ouvidas pela coluna. Generais admitem que há um desconforto com militares no banco dos réus e admitem que somente com o fim deste processo é que o Exército poderá tentar virar a página.
Além de Cid, um outro depoimento visto com apreensão é o do ex-ministro e ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira. Colegas de patente de Nogueira admitem que o silêncio dele nos últimos meses pode ser quebrado e há quem diga que "torce para que ele consiga provar sua inocência".
Nogueira será o sétimo réu a ser ouvido no julgamento, logo após Jair Bolsonaro. Depois dele, será a vez do também general da reserva Walter Braga Netto, que encerrará essa fase do julgamento.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.