Carla Araújo

Carla Araújo

Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Defesa de general vai pedir imagens do Planalto para apontar que Cid mentiu

A defesa do general Braga Netto disse que vai pedir imagens de câmeras de segurança do Planalto para tentar provar que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, mentiu em sua delação e anteontem em seu depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo Cid, o general teria entregue para ele um montante em dinheiro dentro de uma caixa de vinho. A verba teria sido pedida para ajudar um amigo. Mas depois Cid diz que se inteirou na investigação que seria usada no plano de assassinato e espionagem de autoridades.

Ele não estimou quanto havia no pacote, mas o teria guardado embaixo de sua mesa numa sala do Alvorada. Ele sugeriu que o montante deveria vir do "pessoal do agro". Cid disse ainda que não se lembrava onde teria ocorrido a entrega, que poderia ter sido em sua sala no Alvorada ou numa garagem.

Braga Netto nega que isso tenha acontecido. "Eu não tinha contato com financiadores, então não tinha como pedir dinheiro e não entreguei dinheiro para ninguém", afirmou ontem.

O advogado José Luis Oliveira Lima, que lidera a defesa de Braga Netto, diz que "Cid mente reiteradamente sobre o general Braga Netto". "Suas declarações são imprestáveis. Se o nosso pleito for acolhido, a sua fala será desmascarada mais uma vez."

O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, deu cinco dias para as defesas pedirem novas diligências para a produção de provas.

Defesa apostou em apontar mentiras em interrogatório

Braga Netto disse ontem que Cid mentiu em várias ocasiões. Ele diz que recebeu dois integrantes das Forças Especiais, que não conhecia, a pedido de Cid, numa visita de cortesia, em que nenhum assunto foi tratado com profundidade. Já o tenente-coronel diz que eram conhecidos de longa data do general e se encontraram para falar sobre golpe.

O general está preso no Rio por tentativa de interferir na investigação. Ele teria ligado para o pai de Mauro Cid, general Lourena Cid, para falar sobre a delação. Ele depõe por videoconferência ao lado de seus advogados. Ele foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro pela reeleição. Sua defesa entrou com pedido de soltura ontem, após Moraes ter revogado a proibição de contato entre os réus.

Continua após a publicidade

Objetivamente, o fato é que, na presente data, encerrou-se a instrução desta ação penal, de modo que a revogação da custódia cautelar do general Braga Netto é medida que se impõe. Vale destacar que não foi apresentado, ao longo de toda a produção probatória, nenhum fato novo e atual que pudesse dar algum lastro às infundadas alegações ministeriais de que a liberdade do general Braga Netto ofereceria suposto risco à higidez da instrução processual ou à aplicação da lei penal.
Defesa de Braga Netto, em pedido de soltura

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.