Carla Araújo

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Reportagem

Se fugisse do Brasil, Cid viraria desertor e enterraria carreira militar

Afastado do Exército desde 2023 e sem cargo, o tenente-coronel Mauro Cid enterraria de vez a sua carreira militar caso decidisse fugir do país. Isso porque, como militar da ativa, uma ausência não justificada, de acordo com Código Penal Militar (CPM), seria considerada uma deserção.

Além da pena de detenção de até dois anos, o militar desertor pode ser submetido ao chamado licenciamento "ex officio", na prática uma expulsão que o impediria de ser reintegrado ao quadro das Forças Armadas.

Militares ouvidos pela coluna disseram que certamente esse seria o destino de Cid, que já é visto com ressalvas pela atual cúpula das Força Armadas. A avaliação é que dificilmente o tenente-coronel será promovido e o fim de sua carreira militar já está manchado.

Réu e delator do processo de apura tentativa de golpe de estado do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, Cid ainda recebe salário e mora numa Vila Militar, em Brasília.

Entre os benefícios solicitados pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na delação está, por exemplo, o de ter uma pena inferior a dois anos de prisão, o que poderia preservá-lo de uma punição maior no Exército —como a de ser considerado indigno para oficialato, o que o faria perder o posto e a patente.

Suspeita de fuga

A PF prendeu na sexta-feira o ex-ministro do Turismo Gilson Machado sob a suspeita de que ele teria tentado obter um passaporte português para o tenente-coronel no consulado de Portugal no Recife em 12 de maio deste ano. Ele foi solto na noite do mesmo dia.

Além disso, a Polícia Federal avisou ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, que identificou um registro de viagem internacional da família de Cid, no último dia 30 de maio, com destino aos Estados Unidos. Os pais do tenente-coronel, sua esposa e uma das filhas embarcaram com destino a Los Angeles.

Foi com base nisso que a PGR pediu e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, mandou prender Gilson Machado e chegou a pedir uma prisão preventiva de Cid, revogada logo depois.

O Exército foi informado da decisão de Moraes sobre a prisão preventiva de Cid na manhã de sexta-feira e como é de praxe militares acompanharam a operação. Segundo fontes, Cid não estava em casa e como a prisão foi revogada o tenente-coronel não precisou ir para o Batalhão do Exército.

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Ele teve que depor à PF e lá Cid mostrou passagem de volta de seus familiares e falou da programação nos EUA. A esposa, uma das filhas e os pais de Cid foram para os Estados Unidos em 30 de maio e voltam em 20 de junho.

Segundo apurou o UOL, o objetivo da viagem era participar do aniversário de 15 anos de uma sobrinha e da formatura de um outro sobrinho de Cid em Orlando. Giovana, outra filha de Cid, viajou hoje para os Estados Unidos. Ela não foi com os outros porque participava de uma competição de hipismo.

A defesa de Cid afirmou ainda que não há nenhum impedimento no processo para que a família de Cid viajasse ao exterior.

Reportagem

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