Luiza Trajano defende 'cota de transição' feminina em conselhos de estatais
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A empresária e presidente do Conselho do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, é uma das principais defensoras do projeto de lei que garante 30% de mulheres em conselhos de empresas estatais. Ele pode ser apreciado no Senado hoje.
Em conversa com a coluna, a empresária diz que é preciso superar o preconceito em torno das cotas e salienta que sua experiência mostra a importância feminina nos processos decisórios.
"Eu aprendi muito o que é cota, porque as pessoas têm um preconceito. A cota é um processo transitório para acertar uma desigualdade", disse.
Eu sempre fui muito convidada para participar de conselho, onde eu era a única mulher. E eu via a diferença que faz ter uma mulher sentada no conselho. É a visão feminina, é a visão daquela que tem hoje um tipo de gestão mais orgânica. Então, a vida toda eu ficava questionando por que só eu, por que eu era sozinha e como era importante isso [ter mulheres nos conselhos].
Luiza Trajano, empresária e presidente do Conselho do Magazine Luiza
O Projeto de Lei 1.246/21, da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), foi aprovado pela Câmara dos Deputados em agosto de 2023 e aguarda apreciação dos senadores em plenário.
Para a deputada, a maior participação de mulheres em conselhos de administração de empresas públicas "agrega valor às instituições, cria condições para mais inovação e gera maior lucro".
"É também uma forma de inspirar muitas meninas a almejar cargos importantes, de liderança, que historicamente foram ocupados por homens e que podem ser desempenhados com competência por mulheres", disse ao UOL a autora do projeto de lei.
Manifesto com 600 assinaturas
Luiza Trajano, que lidera também o Grupo Mulheres do Brasil, um movimento suprapartidário que reúne mais de 130 mil mulheres com o objetivo de ampliar o protagonismo feminino, diz que é importante também ressaltar que "esse equilíbrio não é ser contra os homens". "É colocar as mulheres junto com os homens."
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), atualmente no Brasil, somente 15,2% dos postos nos conselhos executivos das cem maiores empresas na Bolsa de Valores brasileira são ocupados por mulheres. Em estatais é semelhante, como a Petrobras, por exemplo, onde as conselheiras são apenas 18%.
Junto com o movimento Pessoas à Frente, o grupo Mulheres do Brasil lançou uma carta pública com mais de 600 assinaturas de empresários, conselheiros e representantes da sociedade civil para apoiar o projeto, que propõe a reserva mínima de 30% de participação feminina em conselhos de administração de empresas públicas e sociedades de economia mista.
A gente percebe que a maioria está unida na causa e não é nada contra os homens, mas a favor das mulheres. Eu acho que toda pessoa tem uma filha mulher, tem uma neta mulher e quer que ela seja o que ela quiser ser. Então, essa cota nos ajuda a diminuir essa distância e ajuda as empresas que depois vão ver como foi importante ter mais mulheres no conselho. É uma coisa que é boa para todo mundo.
Luiza Trajano, empresária e presidente do Conselho do Magazine Luiza
Caso seja apreciado e aprovado no Senado, o projeto ainda terá que passar pela sanção do presidente Lula. Na avaliação da empresária, não há razões para vetar o projeto.
"Eu tenho certeza de que o presidente Lula vai sancionar e eu espero que passe amanhã no Senado. Os deputados já passaram. Eu só espero que passe [no Senado]. Não é o que eu que espero: são milhares de eleitoras e mulheres que esperam isso, porque é justo", diz Luiza Trajano.
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