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PE: Menina de 14 anos faz transplante após suspeita de hepatite misteriosa
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Uma adolescente de 14 anos, moradora de Ibimirim (PE), precisou passar por um transplante de fígado hoje (20) no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife. Ela é uma das seis pessoas com suspeita de hepatite misteriosa em Pernambuco.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o caso já foi notificado ao Ministério da Saúde.
A menina foi atendida na última segunda-feira (16) no Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, com vômito, icterícia e urina escura.
De acordo com a pasta, o quadro se agravou, evoluindo para uma encefalopatia hepática, e a paciente precisou ser transferida para o Hospital Oswaldo Cruz na última quarta-feira (18).
Segundo os médicos, a adolescente já chegou ao hospital com falência do fígado e, de imediato, foi indicada para transplante prioritário. Os médicos que deram entrevista coletiva hoje afirmaram que já haviam sido informados do quadro ainda pela equipe que a acompanhou em Caruaru.
Na manhã desta sexta-feira (20), com a articulação com a Central Nacional de Transplantes, a menina recebeu um fígado captado no estado do Paraná e transportado pela FAB (Força Aérea Brasileira).
A paciente passou pelo transplante com uma equipe composta por cerca de 20 especialistas da unidade. Segundo o hospital, a cirurgia foi bem sucedida, e a jovem segue em observação. Não há ainda boletim médico detalhado.
Segundo a secretaria, dos seis casos suspeitos de hepatite misteriosa, cinco seguem em investigação e um foi descartado no estado.
"A Secretaria segue prestando apoio técnico aos municípios na realização de exames complementares para análise laboratorial das hepatites virais, agentes possivelmente relacionados a este tipo de hepatite e outras doenças, assim como nas investigações epidemiológicas realizadas pelos municípios de residência dos pacientes", disse a pasta.
À coluna, o Ministério da Saúde informou que instalou uma sala de situação para monitorar e acompanhar os casos no Brasil. "A iniciativa tem como objetivo apoiar as investigações, bem como o levantamento de evidências para identificar as possíveis causas".
Além do monitoramento, a medida visa padronizar as informações e orientar os fluxos de notificação e investigação dos casos para todas as secretarias estaduais e municipais de saúde, bem como para os Laboratórios Centrais.
"Cabe ressaltar que o aumento de casos notificados é esperado e não significa agravamento da situação, e sim de maior sensibilidade da rede de saúde em razão da criação da sala e da padronização do fluxo e da ficha de notificações", explica.
Até hoje, o país registrou 73 casos suspeitos da hepatite misteriosa em 13 estados. No mundo, esse número já chega a 429.
Casos só crescem
Os casos da doença começaram a surgir em abril no Reino Unido e rapidamente se espalharam pela Europa. Ainda no mês passado, EUA e Israel relataram casos, que já estão hoje espalhados pelo mundo.
A nova manifestação da hepatite elevou a gravidade das hepatites já conhecidas. Na Europa, as crianças têm necessidade de transplante de fígado em um a cada dez casos, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).
"Temos [nos vírus já conhecidos de hepatite] um caso entre mil e 10 mil que pode evoluir para forma fulminante. Esse percentual de um a cada 10 é grande, indica uma doença bem mais grave que a que vemos hoje", afirma o professor e hepatologista do Complexo Hospitalar da UFC (Universidade Federal do Ceará) José Milton de Castro Lima.
A nova hepatite aguda tem causado em crianças sintomas gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia e vômitos e aumento dos níveis de enzimas hepáticas, além de icterícia e ausência de febre.
O mistério da hepatite ocorre porque os vírus comuns que causam hepatite viral aguda (A, B, C, D e E) não foram detectados em nenhum dos casos.
De acordo com as investigações no Reino Unido, o adenovírus pode estar associado à transmissão. "Entre 163 casos do Reino Unido, 126 foram testados para adenovírus, dos quais 91 tiveram adenovírus detectado [72%]. Entre casos, o adenovírus foi detectado principalmente no sangue", afirma documento da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido.
Uma das hipóteses estudadas é que o adenovírus tenha adquirido uma mudança de patogenicidade em crianças que tenham tido contato com o novo coronavírus. Entretanto, estudos estão em andamento para definir.
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