Justiça manda mulher pagar R$ 182 mil em compras feitas com cartão de amiga
Uma mulher de Fortaleza conseguiu provar que uma dívida no seu cartão de crédito foi contraída, na verdade, por uma amiga. A Justiça, em seguida, decidiu que é a amiga quem deve pagar a dívida.
A amiga tem 15 dias para transferir o valor do débito, hoje no valor de R$ 182 mil, sob pena de sofrer bloqueio e ter seus bens penhorados.
A defensora pública Natali Massilon Pontes, que atendeu a vítima, comemorou a decisão. "É um caso difícil porque é raro ter provas, uma vez que há uma relação de confiança entre as pessoas, que não se preocupam em documentar [o empréstimo]. Mas, nesse caso, a vítima tinha documentos que poderiam comprovar esse vínculo."
No WhatsApp e por email, a amiga que contraiu as dívidas reconheceu que era responsável pela dívida e disse que iria pagar. "Havia também as transferências dos valores das compras que ela já tinha feito e pago. Então o juiz entendeu que a dívida estava comprovada", diz.
A defensora explica que não há como culpar a operadora do cartão ou transferir a dívida de nome, já que o contrato deixa claro que o cartão de crédito é intransferível.
Amizade começou no trabalho
A vítima conheceu a amiga em janeiro de 2021. As duas trabalhavam no mesmo hospital. "Eu a recepcionei no setor e fomos criando um vínculo. Sempre falávamos da família. Ela contou que tem um filho que teve câncer na adolescência. Isso foi ganhando minha confiança", cita.
O uso do cartão começou poucos meses depois, quando as duas saíram para comprar roupas — só a vítima tinha cartão.
Depois, como o limite do cartão estava acabando, a vítima pediu outro. E o forneceu para uso exclusivo da amiga e do filho dela.
Além disso, o filho da amiga também pediu para fazer um financiamento de carro no nome da vítima, que aceitou. Era um modelo de luxo, que custou R$ 130 mil. "Nem eu sabia que tinha direito a um crédito desses", diz. Das 48 parcelas, só sete foram pagas.
Eu achava estranho [que ela não tivesse cartão], já que ela era funcionária pública, tinha dois empregos. Mas achava que era por ela ter gasto muito com a doença do filho.
Eu sempre conversava com ela, que dizia que ia honrar. E notei que ele efetuava o pagamento da fatura do cartão e em seguida passava o cartão na maquininha do lava jato, no valor de R$ 10 mil, parcelado em 10 vezes. A coisa só foi crescendo e tomou essa proporção.
Enquanto ela me devia, a família ostenta uma vida de luxo nas redes sociais.
Vítima que teve o cartão usado pela amiga
Deixe seu comentário