Carlos Madeiro

Carlos Madeiro

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Fogo destruiu área igual a Roraima até setembro, 150% a mais que em 2023

O Brasil teve 22,4 milhões de hectares queimados em 2024, entre os meses de janeiro a setembro, uma área equivalente ao estado de Roraima. A área queimada é 150% maior que os 9 milhões que incendiaram no mesmo período de 2023.

Os dados são do levantamento mensal Monitor do Fogo da rede MapBiomas, que será lançado nesta sexta-feira (11).

Os números confirmam o cenário apontado pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que nos nove primeiros anos registrou 210.208 focos de calor, bem mais que os 189.926 computados no ano inteiro de 2023.

O país enfrenta, este ano, uma seca sem precedentes na sua história recente, o que facilita a disseminação do fogo. Entretanto, queimadas são, em 99% dos casos, desencadeadas por ação humana.

Segundo o monitor, setembro teve o pico das queimadas, com 10,65 milhões de hectares destruídos, o que significa 90% mais que em agosto. Na comparação com setembro de 2023, esse aumento é ainda maior: 181%.

O monitor aponta que quase três em cada quatro hectares queimados (73%) no país eram de vegetação nativa, principalmente formações florestais.

  • Formação florestal - 21,4% do total queimado
  • Pastagem - 20,7%
  • Formação savânica - 20,6%
  • Formação campestre - 14%
  • Campo alagado e área pantanosa - 13%
Filhote de macaco-prego foi resgatado das cinzas de um incêndio no Pantanal na região do Salobra, em Miranda (MS)
Filhote de macaco-prego foi resgatado das cinzas de um incêndio no Pantanal na região do Salobra, em Miranda (MS) Imagem: Grupo de Resgate Técnico de Animais do Estado MS

Amazônia, a mais afetada

Os dados mostram que 51% da área queimada nos nove primeiros meses do ano fica na Amazônia. Se pegarmos apenas setembro, o mês teve um salto de 196% em área afetada em comparação a setembro do ano passado.

Continua após a publicidade

O período de seca na Amazônia, que normalmente ocorre de junho a outubro, tem sido particularmente severo este ano, agravando ainda mais a crise dos incêndios na região - um reflexo da intensificação das mudanças climáticas, que acabam tendo papel crucial para a propagação de incêndios. Isso se reflete nos números de setembro, onde metade da área queimada na região foi em formações florestais.
Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo

Mapa mostra áreas (em vermelho) queimadas este ano
Mapa mostra áreas (em vermelho) queimadas este ano Imagem: Reprodução/Mapbiomas

Os estados de Mato Grosso (3,1 milhões de hectares), Pará (2,9 milhões) e Tocantins (1,3 milhã) concentram 56% de tudo que pegou fogo no país. Os municípios com maiores áreas queimadas foram São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS), com 1 milhão de hectares e 741 mil hectares, respectivamente.

Um outro bioma que chama atenção pela alta é o Pantanal, onde a área queimada entre janeiro e setembro de 2024 aumentou 2.306% em comparação à média dos cinco anos anteriores. segundo os dados foram queimados 1,5 milhão de hectares no período deste ano.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes