Carlos Madeiro

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RN: viúva de prefeito morto toma posse e dedica vitória ao marido

Maria de Fátima Mesquita da Silva, a Fatinha de Marcelo (União Brasil), tomou posse como prefeita de João Dias (RN) nesta quarta-feira (1º) com um misto de sensações. Ela assumiu a candidatura apenas em setembro porque o marido e prefeito que buscava a reeleição, Marcelo Oliveira, foi assassinado ao lado do pai a 40 dias da votação.

A posse dela e do vice eleito João Pedro estava marcada para 10h30, mas só ocorreu às 12h30, na Câmara de Vereadores de João Dias, transmitida em uma live no Instaram. Em comunicado nas redes sociais, ela pediu a presença virtual do povo da cidade, para acompanhar o "momento histórico." "Sua presença virtual será muito importante para iniciarmos juntos esse novo ciclo de trabalho e conquistas para nossa cidade."

Durante a transmissão, a prefeita agradeceu aos eleitores e reforçou compromisso com "resultados e não só promessas". Fatinha de Marcelo também citou o marido.

"Essa vitória não é só minha, mas também uma vitória de Marcelo Oliveira, e de cada um de vocês que sonham com uma João Dias mais justa", disse.

Eleita com 66,84%

Após a morte de Marcelo, foi o presidente da Câmara, Jessé Oliveira (União Brasil e irmão de Marcelo), que assumiu a prefeitura, e não a vice-prefeita, Damária Jácome (Republicanos), como manda a regra, porque foi afastada do cargo. Ela foi candidata derrotada a prefeita em 2024 e é apontada pela polícia como uma das mandantes do crime e está foragida junto com uma irmã.

Ainda de luto e com apoio da família do marido morto, Fatinha anunciou sua candidatura mesmo com "medo" para dar "continuidade ao legado" de Marcelo na cidade.

Tragicamente, o terror voltou à nossa cidade e tomou conta de nossos corações e de nossas ruas, interrompendo vidas e trazendo tristeza à nossa querida João Dias. Enfrentaremos o medo e a criminalidade com união, força e fé. Não nos curvaremos ao terror, e juntos, transformaremos a dor em coragem e seguiremos em frente.
Fatinha de Marcelo

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Fatinha foi eleita com 66,84% dos votos válidos em 6 de outubro, derrotando a vice de Marcelo, Damaria Jácome, que teve 20,81%; e Irenilda Fernandes (MDB), com 12,35%.

Após a conclusão da apuração, ela publicou mensagem nas redes sociais em que comemorou a vitória e dedicou o resultado ao marido morto.

Com 100% das urnas apuradas, João Dias dar o grito da liberdade! Foram 1.818 votos que nos honram, e honram a memória de Marcelo Oliveira e Sandir Oliveira! Eu não tenho palavras pra descrever a minha gratidão, e a minha felicidade. Obrigada meu Deus! Obrigada, João Dias! Essa vitória foi por você, Marcelo!
Fatinha de Marcelo

Marcelo Oliveira disputava a reeleição em João Dias (RN)
Marcelo Oliveira disputava a reeleição em João Dias (RN) Imagem: Reprodução

O mandato de Marcelo foi conturbado. Eleito prefeito em 2020, ele renunciou em julho de 2021. Entretanto, em outubro de 2022, o Tribunal de Justiça decidiu que ele retornasse ao cargo por entender que Marcelo havia deixado a prefeitura por sofrer ameaças da vice-prefeita e do pai dela, Laerte Jácome, na época então o presidente da Câmara.

O afastamento seria um dos motivos da vice querer matar o prefeito, diz a polícia, que cita ainda outra motivação: dois irmãos de Damária Jácome foram mortos em confronto com a polícia. "A gente tinha um mandado de prisão por tráfico de drogas internacional expedido contra eles", conta.

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Segundo delegado, a família Jácome começou a imputar a Marcelo as ações policiais. "Ele estaria entregando todas as localizações dessas pessoas. Recentemente, a gente vê uma nova disputa política entre eles, agora com Damária candidata a prefeita", diz.

O crime

Francisco Damião de Oliveira, conhecido como Marcelo Oliveira, era candidato à reeleição e foi morto junto com seu pai após uma visita de campanha na zona rural de João Dias no dia 27 de agosto.

Marcelo governava uma cidade com cerca de 2.000 habitantes, próxima da divisa com a Paraíba. O político, que deixa a mulher e dois filhos, chegou a ser socorrido, mas teve sua morte constatada no hospital da cidade de Catolé do Rocha (PB).

A morte do prefeito causou comoção no estado. A governadora Fátima Bezerra (PT) prometeu, à época, empenho na elucidação do caso.

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