Carlos Madeiro

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Reportagem

Caju e arroz: polícia apura elo de mortes em família com mesmo veneno no PI

A investigação das mortes por envenenamento dos irmãos Ulisses Gabriel da Silva, 8, e João Miguel da Silva, 7, em agosto do ano passado, tem um novo rumo e um novo suspeito do caso: Francisco de Assis Pereira da Costa, 53, preso na última quarta-feira (8) e suspeito de envolvimento em um outro caso.

Francisco é apontado como o autor do envenenamento de um arroz em 1º de janeiro, também em Parnaíba (PI), que matou quatro pessoas da mesma família, entre eles dois enteados seus.

O principal ponto que chama a atenção é que as vítimas envenenadas este ano são da mesma família: trata-se de mãe, tio e irmãos dos meninos que morreram em agosto de 2024.

Outro ponto que une os casos é que, em ambos, foi usado o mesmo veneno para matar: terbufós, uma substância tóxica utilizada em pesticidas.

Tese inicial perde força

A primeira suspeita da morte dos irmãos, a vizinha Lucélia Maria da Conceição, foi presa em agosto, mas foi libertada da prisão na noite desta segunda-feira (13).

A soltura dela veio após um laudo da Perícia Científica, que analisou os cajus dados às crianças e descartou a presença do veneno nas frutas. O resultado levou o próprio MPPI (Ministério Público do Piauí), que havia pedido a prisão, solicitar a soltura.

À época de sua prisão, a suspeita contra ela gerou fúria na comunidade local, que incendiou a casa em que ela morava, em Parnaíba, após a sua prisão. Por questões de segurança, ela foi levada para a capital.

Ao deixar a cadeia, ela disse estar com "sentimento de muito alívio." A defesa dela alega que nunca houve provas que apontassem para Lucélia como autora do envenenamento. "Mantemos a posição de negativa total de autoria", diz o advogado Sammai Cavalcante.

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Lucélia é suspeita de dar cajus envenenados para crianças
Lucélia é suspeita de dar cajus envenenados para crianças Imagem: Polícia Civil do Piauí/Divulgação

Nova apuração

O caso foi enviado nesta segunda-feira para a Divisão de Homicídios da Polícia Civil, que quer saber agora se as mortes estão relacionadas.

"Esse é um segundo envenenamento na família, e vamos saber se os casos têm conexão, mas ainda precisamos apurar isso", diz o delegado Abimael Silva, que começou a investigar o caso.

Apesar de solta, Lucélia ainda segue como uma das suspeitas, mas a hipótese foi enfraquecida pelo laudo da perícia. Segundo o delegado, o resultado não inocenta totalmente ela.

Não descarto porque pode ter havido um envenenamento parcial, ou ela só ter dado uma parte dos cajus. O mesmo veneno estava na casa da suspeita. Ele é um produto de fácil acesso, de comercialização comum. A investigação precisa esclarecer agora os pontos que ficaram em dúvida
Delegado Abimael Silva

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Um dos pontos que estão em dúvida, diz, é se Francisco estava em casa no momento do envenenamento de agosto.

Em seu primeiro depoimento, diz o delegado, Francisco negou. "A esposa diz que ele chegou em casa apenas quando os meninos estavam passando mal. Mas ouvimos outros depoimentos, e há evidências de que ele estava em casa, sim", diz.

Francisco será ouvido sobre o caso em breve, mas sobre as mortes causadas pelo envenenamento de 1º de janeiro, ele nega que tenha sido o autor. "Deus vai mostrar o culpado", disse, ao ser preso.

Reportagem

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