Carlos Madeiro

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MP denuncia 'serial killer' de AL por feminicídio: 'Agressivo e misógino'

Apontado como serial killer de Maceió, o ex-agente penitenciário Albino Santos de Lima, 42, foi denunciado pelo assassinato de Tamara Vanessa dos Santos e pela tentativa de matar um casal no fim da noite do dia 8 de junho no bairro Vergel do Lago, periferia da capital alagoana.

A denúncia foi feita pelo promotor Antônio Luís Vilas Boas, da 47ª Promotoria de Justiça da Capital, ao Tribunal do Júri nesta quinta-feira. Albino foi denunciado por feminicídio com duas qualificadoras: sem dar chance de defesa da vítima e por motivo torpe. Ele está preso desde 17 de setembro de 2024.

A informação foi divulgada pelo MPAL (Ministério Público de Alagoas) nesta sexta-feira (24). Foi a primeira denúncia informada pela Procuradoria contra o ex-agente, que ainda é alvo de ao menos mais oito inquéritos que investigam pelo menos mais nove mortes.

O comportamento de ojeriza ao sexo feminino proveniente de um sentimento alimentado pelo denunciado, inclusive ao xingar e menosprezar vítimas em razão do gênero, bem assim a prática do crime contra mulher como exercício de dominação e sujeição, não deixam margem de dúvidas de que o fato apurado se trata de um feminicídio.
Antonio Luís Vilas Boas, promotor

Imagens de Albino, o seria killer de Maceió, a caminho de matar uma de suas vítimas
Imagens de Albino, o seria killer de Maceió, a caminho de matar uma de suas vítimas Imagem: Polícia Civil de Alagoas/Reprodução

Segundo a polícia, ele tinha obsessão por mulheres e fazia pesquisa das vítimas em potencial pelas redes sociais delas. Todas tinham características em comum, como serem morenas jovens e bonitas.

A série de crimes cometidos com vítimas de características aproximadas, jovens e adolescentes do sexo feminino, sem qualquer envolvimento com o denunciado, friamente perseguidas e assassinadas, deixa claro que ele apresenta comportamento agressivo e misógino, de repulsa social ao feminino.
Antonio Luís Vilas Boas, promotor

A coluna procurou a defesa de Albino e aguarda um posicionamento. Em novembro, o então advogado do acusado informou que iria pedir um laudo para saber se Albino tinha transtornos mentais.

O crime denunciado

A morte de Tamara foi inicialmente investigada, sem que a polícia conseguisse chegar a um suspeito. Entretanto, após um assassinato com características similares, a polícia reabriu e caso e chegou ao nome de Albino.

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A investigação encontrou com Albino uma pistola .380, que a perícia apontou como usada para cometer o crime. Além disso, na prisão do acusado, a polícia apreendeu máscaras, luvas pretas, e munições.

Pistola e roupas usadas nos crimes por serial killer
Pistola e roupas usadas nos crimes por serial killer Imagem: Divulgação/PCAL

A arma era de propriedade de seu pai, um policial militar aposentado, que alega não ter ciência de que seu filho a usava para matar pessoas.

A polícia encontrou no computador do acusado pastas com arquivos nomeadas de "odiadas instagram" e "mortes especiais". Ele costumava circular a data dos crimes em um calendário, junto a fotos e notícias sobre a morte da pessoa. Também arquivava posts de familiares das pessoas mortas lamentando os crimes.

Além disso, há casos em que o acusado ia até o cemitério onde as suas vítimas eram enterradas, tirava foto de covas e até mesmo selfies no local.

Para o MPAL, Albino deve ser mantido preso por conta de seu perfil de periculosidade extrema."

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Já foi constatado que o suspeito não tem a menor condição de viver em sociedade, de que lhe oferece riscos, vistas às ações criminosas, em sequência, comprovadamente a ele direcionadas. Nesse caso, especificamente, o MPAL oferta denúncia por sua participação em um homicídio e mais duas tentativas, mas poderíamos ter o registro de um triplo homicídio já que, de uma só vez, colocou como alvo três pessoas.
Antonio Luís Vilas Boas, promotor

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