Prefeito faz live de polícia na porta de casa; SSP diz que bandidos fugiram

O prefeito atribuiu o episódio a uma "infeliz coincidência" e a "falhas de comunicação" dos militares que estavam na operação e negou que tenha ajudado na fuga de bandidos (veja mais abaixo).

Na ação, um suspeito foi preso, mas a transmissão ao vivo, diz a SSP, "comprometeu o andamento das investigações, facilitando a fuga dos demais criminosos envolvidos na tentativa de assalto".

O homem detido, que não teve o nome revelado, estava com fardas e equipamentos militares que seriam utilizados no crime.

Citação ao governador

Na live, o prefeito começa afirmando: "Tô aqui ao vivo. A Caatinga teve aqui na minha casa". "Governador [Fabio Mitidieri-PSD], a Caatinga aqui na minha casa? Existe isso? Pelo amor de Deus", diz em seguida.

Após a transmissão, o prefeito ainda publicou o vídeo com o seguinte texto no Instagram:

A Caatinga veio à minha casa no dia de maior tensão da nossa gestão, com uma votação importante e que teve mobilização popular!!! Não sou bandido e não aceitarei ser tratado assim. Isso não está certo governador @fabio_mitidieri.
Saulo Galeguinho (PT), prefeito de Nossa Senhora de Lourdes

Operação aconteceu também em frente à casa do prefeito

Em nota, a SSP explicou que um dos locais da operação —a frente da casa do prefeito— foi escolhido também como pontos de bloqueio, e que oficiais estavam "estrategicamente posicionados para impedir o acesso dos criminosos à cidade".

O prefeito Saulo Galeguinho decidiu realizar uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, descredibilizando o trabalho das forças de segurança pública e disseminando informações falsas, ao afirmar que a operação tinha como único objetivo intimidá-lo. A operação tinha como única intenção garantir a segurança da população de Nossa Senhora de Lourdes, desarticulando uma quadrilha fortemente armada.
SSP-SE, em nota

A SSP ainda expressou "seu mais veemente repúdio à conduta irresponsável do prefeito", que teria agido de "forma impensada e prejudicial".

A pasta informou ainda que a Polícia Civil vai abrir inquérito contra o prefeito para investigar o "ato irresponsável de um gestor público que, ao invés de colaborar com as autoridades, decidiu criar embaraços à ação policial, colocando em risco a segurança da população".

Prefeito se defende

Em outra live, já na noite desta sexta-feira, o prefeito atribuiu o episódio a uma "infeliz coincidência" e a "falhas de comunicação" dos militares que estavam na operação.

Antes de chegarem à frente da minha casa passaram em um terreno do meu pai, que fica a 2 km daqui. Imagine a minha cabeça: duas viaturas entraram no terreno do meu pai sem autorização, e populares falavam em grupos de WhatsApp que a polícia estava em direção a minha casa. Vim angustiado da Prefeitura até a minha casa para ter uma resposta.
Saulo Galeguinho

O prefeito contou que, ao chegar, conversou com militares, que teriam se negado a dar explicações da operação, fechando inclusive o acesso do carro à sua casa." "Se tivesse falado, jamais iria interferir e daria apoio. Sou militar da reserva, meu pai é militar aposentado", disse.

Saulo aproveitou e se desculpou por ter citado o governador na live. "Naquele momento, em que estava sob forte estresse, me senti acuado, intimidado, coagido. Naquele momento eu queria que você, como líder do governo, me desse uma resposta. Foi um desabafo, não foi uma acusação. Se assim o senhor me entendeu, peço desculpas. Jamais desrespeitaria uma autoridade."

Entretanto, o prefeito reclamou da nota da SSP e questionou o argumento do que teria evitado prisões, já que "todos sabiam onde as viaturas estavam". "Circulava nos grupos", garante.

Deveriam ter me comunicado antes de fazer a nota, para que explicasse a minha versão e evitar com toda essa repercussão desnecessária. Quando a assessoria posta uma nota oficial afirmando que um prefeito, com uma live, obstruiu a prisão de pessoas, isso é desrespeito.
Saulo Galeguinho