Blogueira morta disse à irmã estar com medo do sogro: 'Guarda esses áudios'
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Poucos dias antes de ser morta em casa, a blogueira Adriana Rosa de Oliveira, 27, enviou um áudio à irmã afirmando estar com medo do sogro, e fez um pedido: "Guarda esses áudios aí. Deus ao livre aconteceu alguma coisa comigo, tem tu para contar o que foi que aconteceu, quem é o suspeito."
Adriana foi morta com três tiros na tarde do último sábado em Santa Luzia (MA), onde morava. Ao chegarem ao local, os policiais acionados para o caso já a encontraram sem vida.
Os áudios já estão com a polícia, que no domingo prendeu o sogro, conhecido como Antônio do Zico; e o marido da vítima, Valdiley Paixão Campos. A irmã de Adriana, que recebeu os áudios com os alertas, já prestou depoimento.

A coluna obteve o áudio em que ela pede que a irmã guarde as mensagens para caso ela seja morta. Adriana começa dizendo que está "trancada dentro do quarto". "Eu estou até com medo, filha. Tu acredita aqui? Na hora que eu cheguei em casa, o carro do pai do Badu [apelido marido] tava lá assim alguns metros longe daqui de casa", diz.
Eu já me assombrei, e disse: 'Meu Deus do céu, será se é o Badu me vigiando? Não, é o pai dele. Aí [ele] abaixou o vidro, me viu pelo retrovisor. Aí depois subiu o vidro e fez a curva. Aí eu abri o portão ligeiro, mas ele passou direto, ele não subiu aqui em casa. Muito estranho, fia. Não confio não, de jeito nenhum.
Adriana
Na mesma mensagem, ela ainda cita que em um dia anterior não saiu de casa pelo mesmo motivo: medo do sogro. "O portão ficou trancado até de noite, foram dois dias, na verdade, até o Badu chegar."
Segundo o delegado Alison Guimarães, a prisão dos dois ocorreu em flagrante, e o áudio foi determinante para que o sogro também fosse preso — já que ele não estava na casa no momento do crime. "Apesar de não estar, há várias formas de participação, de coautoria. Ele pode ser responsável de várias formas, e pelos áudios vimos que ele tem ligação e pode ter participado do planejamento com o filho", diz.
Quem era a blogueira
Adriana tinha 37 mil seguidores no Instagram e era conhecida por fazer vídeos divertidos em suas redes sociais e com seu filho de 5 anos —por isso se tornou uma pessoa conhecida e querida na cidade.
O crime revoltou os moradores da cidade de 38 mil habitantes, que fizeram protesto e participaram em peso do cortejo e enterro realizados neste domingo.
Em nota, a Polícia Civil afirma que as investigações "foram iniciadas imediatamente após a ocorrência". "Os aparelhos celulares da vítima e dos suspeitos (sogro e esposo) foram apreendidos."
Já a SSP assegura que a equipe "analisa imagens de câmeras e outros elementos, além de ouvir pessoas, para esclarecer completamente as circunstâncias e a motivação do crime."
Marido negou na delegacia
A versão dada pelos suspeitos em depoimento à polícia pelos dois foi de que um homem chegou em uma moto e já desceu procurando Adriana em casa e, ao encontrar, já foi disparando.
Na chegada à delegacia da cidade, no domingo, o marido se limitou a dizer que não foi ele quem matou. Antônio não quis falar.
O advogado Irandy Garcia, que representa os dois, emitiu uma nota em que ressalta a necessidade de que a polícia siga na busca pelo verdadeiro atirador e explore todas as linhas de investigação, especialmente aquelas relacionadas às possíveis rotas de fuga utilizadas pelo motoqueiro. O advogado "lamenta o uso indevido das imagens oficiais do corpo da vítima, que ficaram disponíveis antes da decretação do sigilo. E alerta sobre vídeos falsos que circulam nas redes sociais sobre o caso, que fomentam as distorções da realidade e prejudicam a correta apuração do caso."
A defesa reitera que vai provar a inocência dos acusados e repudia veementemente a narrativa de uma suposta relação conturbada entre o casal. A defesa segue aguardando os laudos periciais dos telefones, fundamentais para esclarecer os fatos. Irandy Garcia, advogado