Carlos Madeiro

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Reportagem

Reviravolta em AL: mãe dá 5 versões de sequestro de bebê e vira suspeita

A Polícia Civil de Alagoas mudou a linha de investigação sobre o caso da bebê Ana Beatriz. A mãe, Eduarda Silva de Oliveira, 22, passou a ser uma suspeita do desaparecimento. A criança, antes tida como sequestrada, é agora considerada desaparecida.

Eduarda inicialmente afirmou que a filha havia sido levada na última sexta por criminosos em uma abordagem na BR-101, em Novo Lino (AL), mas apresentou cinco versões diferentes sobre a bebê.

"Pegamos imagens de câmeras e ouvimos três testemunhas que estavam do outro lado da pista, e todas foram uníssonas em dizer que a mãe saiu da casa dela diretamente para a casa da vizinha [onde informou do suposto sequestro], não estava com a criança e nenhum veículo passou em baixa velocidade", afirma o delegado João Marcello, da Dracco (Diretoria de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado.

Nesta segunda-feira, ela apresentou uma quinta versão —que também está sendo questionada. "Ela disse dessa vez que teria dormido com portão aberto, e dois homens encapuzados teriam entrado na casa, abusado sexualmente dela, raptado a criança. Checamos essa situação, nenhum vizinho ouviu nada, e as câmeras não mostram nada disso".

Inicialmente, a mulher afirmou que estava indo levar o outro filho de 5 anos à escola, e foi abordada em um ponto de ônibus na rodovia, quando um veículo preto teria parado com quatro pessoas, apontando uma arma em sua direção e levando a bebê no carro com destino a Pernambuco.

A mesma versão foi apresentada em áudio de WhatsApp enviado por ela ao marido logo após o suposto sequestro. Ele estava trabalhando temporariamente em São Paulo, mas veio acompanhar as buscas em Alagoas.

Segundo o delegado Igor Diego, também da Dracco, a polícia gastou "toda a energia possível" para checar as informações dadas por ela. "Sempre que levávamos as informações, dizendo que não batia com o que ela dizia, ela inventava uma nova versão", diz.

Uma hipótese considerada é de que a criança tenha morrido, e a mãe --por algum motivo-- ter escondido o corpo. "A gente sabe que existe a questão de puerpério, psicológica, e tudo pode ter acontecido. Sabemos que essa criança, de quarta para quinta-feira, não conseguiu dormir, ela a todo momento pedindo ajuda para dar remédio a Ana Beatriz. Ninguém viu ou ouviu essa criança de quinta para cá".

Nesta tarde, Eduarda precisou de atendimento médico e foi levada de ambulância para uma unidade de saúde para atendimento. "A mãe está muito abalada. Não estamos aqui tratando como culpada ou inocente, estamos tratando como uma humana. No devido momento, se houver responsabilidade, as ações serão tomadas", diz Diego.

Busca do corpo e defesa

A polícia e o Corpo de Bombeiros fizeram buscas na região próxima à casa da mãe em busca do corpo da criança de 18 dias de vida, mas nada foi encontrado. Cães farejadores foram usados.

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O advogado de defesa da mãe, José Wellington, afirmou que ela foi ao médico na tarde de hoje, que indicou remédios antidepressivos para Eduarda.

Após o parto, a mulher pode ter algumas situações de ansiedade, depressão pós-parto, toda essa situação. Talvez seja por isso que desde sexta-feira que tenha feito essa movimentação [mudança de versão]. Ela está sem comer, sem tomar água e muito fraca, debilitada. Vamos aguardar para ver, o que mais importa agora é achar a criança", disse.

O caso causou comoção em Alagoas. Populares se reuniram em correntes de oração para que Ana fosse encontrada. A denúncia também mobilizou dezenas de policiais, que iniciaram de imediato uma grande busca na região para encontrar Ana Beatriz. O secretário de Segurança Pública, Flávio Saraiva, acompanha pessoalmente as buscas.

O sistema Amber Alert, do Ministério da Justiça, foi acionado. Ele avisa as plataformas da Meta (Instagram, Facebook e Threads), que emite um comunicado às pessoas que se conectam às redes em um raio de até 160 km do local do fato ocorrido.

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