Carlos Madeiro

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Reportagem

Influenciador Kel Ferreti é condenado a 10 anos de prisão por estupro em AL

O ex-policial e influenciador digital Kleverton Pinheiro de Oliveira, o Kel Ferreti, foi condenado hoje a dez anos de prisão —ou seja pena máxima— pelo crime de estupro contra uma mulher. O caso ocorreu em 16 de junho de 2024 em uma pousada no bairro Cruz das Almas, na orla de Maceió.

A decisão é do juiz Josemir Pereira de Souza, da 4ª Vara Criminal da Capital. Além da cadeia, a sentença estabelece uma indenização de R$ 50 mil à vítima por danos morais e mantém a prisão preventiva de Kel.

A denúncia relata uma série de detalhes das agressões físicas feitas por Kel, comprovadas por meio de laudo médico do IML (Instituto Médico Legal) de Maceió, como tapas e socos. Ainda segundo o relato, Kel não utilizou preservativo nas relações forçadas.

Por ser em primeira instância, ainda cabe recurso da condenação. Kel nega o crime e diz que a relação e agressões foram consensuais.

O que diz a denúncia

A denúncia do MP-AL (Ministério Público de Alagoas), de dezembro de 2024, traz o laudo de exame de corpo de delito, que aponta a presença de "lesões contundentes" e "compatíveis com a narrativa da vítima".

Ela conta que conheceu Kel através de um grupo do jogo do tigrinho. O influenciador era o administrador e oferecia dinheiro para quem participasse do canal e fizesse cadastro nos jogos usando o link que ele fornecia.

Ao entrar no grupo, a mulher diz que foi imediatamente contatada por Kel no privado. O influencer solicitou os dados bancários para fazer um Pix de R$ 100 —valor que era o dobro do que costumava dar aos participantes.

A partir daí os dois começaram a conversar. A mulher alegou que precisava de apoio financeiro e seguia nas conversas para pedir doação e empréstimos em pequenos valores, que normalmente eram atendidos pelo influencer.

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Na sequência das conversas, o denunciado deu a entender que a vítima precisaria "dar coisas em troca" para ter acesso a mais dinheiro, sendo, ainda, instruída a mandar fotos nuas e vídeos para ele, o que foi feito pela vítima. Durante as conversas, o denunciado chegou a perguntá-la se ela (vítima) gostava de "levar tapas durante o ato sexual", e que ele (denunciado) gostava de tal prática, porém a esposa dele não gostava.
Denúncia do MP-AL

Os dois então marcaram um encontro em um pousada indicada por Kel, que pediu para ir de carro de aplicativo e não se identificar quando chegasse ao local, "devendo apenas informar o número do quarto, que já estaria pronto para sua chegada".

A vítima disse, em depoimento, que foi sexual e fisicamente agredida. Ao final do estupro, diz que chorou muito na frente dele, mas alegou que Kel "agia com naturalidade".

Kel Ferreti em banheira
Kel Ferreti em banheira Imagem: Reprodução/Instagram

O juiz destacou que a vítima narrou os fatos de forma "firme e consistente" e "com minúcias" sobre o que aconteceu antes e depois do crime. Para o magistrado, houve premeditação, já que Kel levou gelo ao local para passar na vítima após as agressões.

A culpabilidade do acusado se revelou particularmente intensa, uma vez que além da prática sexual contra a vontade da vítima, a acentuada violência foi previamente planejada, levando um saco de gelo para o local dos fatos com a nítida intenção de amenizar eventuais marcas do seu comportamento agressivo.
Sentença de Josemir Pereira de Souza

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Kel nega

A coluna procurou a advogada Graciele Queiroz, que defende Kel, mas recebeu uma mensagem pelo WhatsApp informando que a "central de atendimento estará em manutenção do dia 14 ao dia 20 de abril".

Em seu depoimento, Kel negou que tenha usado de violência e que fez "apenas agressões recíprocas e consensuais". Sobre o gelo, disse que levou para "refrigerar cervejas".

Em nota e vídeo publicados após a denúncia, a defesa disse que Kel demonstrou "surpresa e indignação com o vazamento de informações sensíveis de um processo que tramita em segredo de justiça" e lamentou o que chamou de "espetacularização midiática de uma situação tão delicada".

Ressalta que não há qualquer fundamento nas acusações de abuso sexual feitas contra Kel Ferreti e assegura que todas as medidas legais estão sendo adotadas para provar sua inocência e restabelecer a verdade.
Graciele Queiroz

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Quem é o influenciador

Ex-policial, Kel Ferreti se intitula como rei do marketing e usa redes para compartilhar viagens, carros de luxo e seu cotidiano. Em março do ano passado, ele pichou uma Ferrari em Maceió com o dizer "corrupto" em uma ação de marketing.

Em abril de 2024, uma brincadeira entre ele e outro influencer sobre uma bomba em um avião levou a Latam a acionar a PF (Polícia Federal) e a cancelar um voo que sairia do aeroporto de Guarulhos com destino a Maceió.

Os influenciadores afirmam que houve um mal-entendido e que se referiam a uma "bomba de peido." O fato gerou revolta dos passageiros, e alguns gravaram vídeos reclamando da brincadeira após serem obrigados a desembarcar da aeronave pelo incidente.

Em dezembro, Kel foi alvo da operação Trapaça, do MP-AL, que teve como foco o Jogo do Tigrinho. Em nota, o MP-AL informou que o influenciador "é o suposto líder da organização criminosa desse esquema milionário em que esbanja uma vida de luxo, fazendo questão de ostentá-la nas redes sociais, onde milhões de seguidores são induzidos a comprar produtos e serviços, como jogos de apostas, com promessas de prosperidade quase que imediata".

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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