Carlos Madeiro

Carlos Madeiro

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

AL: Juiz decreta prisão preventiva de mãe por homicídio de bebê

A mãe da menina Ana Beatriz, Eduarda Silva de Oliveira, 22, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de Alagoas hoje. Ela é suspeita de matar e ocultar o corpo da recém-nascida, de 14 dias de vida, na última sexta-feira. A decisão foi tomada pelo juiz que presidiu a audiência de custódia, Antônio Iris da Costa Júnior.

Eduarda será encaminhada para o presídio Santa Luzia, em Maceió, e ficará em uma cela separada por motivos de segurança.

A mãe da bebê foi presa em flagrante ontem após confessar à polícia que a matou e indicar onde estava o corpo —escondido no quintal da casa dela, em Novo Lino (AL). A polícia ainda aguarda a conclusão de resultados das perícias no local e no corpo da criança.

A conversão em prisão preventiva ocorreu por três motivos:

  • Garantia da ordem pública, diante da gravidade do crime;
  • Assegurar a instrução criminal, já que a investigada tentou enganar a polícia com falsa comunicação de sequestro;
  • Evitar a reiteração de crimes, já que a autora confessou ter "tendência suicida e demonstrou total descontrole emocional e ausência de vínculo protetivo com a filha recém-nascida".

O que a mãe alegou

Em depoimento à polícia, Eduarda disse que a criança havia passado duas noites sem dormir, chorando sem parar com dor na barriga.

"Ela não conseguia dormir porque lá tinha som alto em um bar ao lado. Com o barulho, e com a criança sem parar de chorar, ela não teria aguentado a situação, teria pegado um travesseiro e asfixiou a criança", disse o delegado Igor Diego, da Dracco (Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado).

O corpo da bebê estava escondido em uma sacola plástica e guardado em um armário com produtos de limpeza. A polícia ainda quer saber se Eduarda recebeu ajuda. Ontem, a casa foi investigada com apoio de uma cadela farejadora, mas nada foi encontrado.

Continua após a publicidade
Armário onde estava escondida a bebê Ana Beatriz na casa da mãe, em Novo Lino (AL)
Armário onde estava escondida a bebê Ana Beatriz na casa da mãe, em Novo Lino (AL) Imagem: PC-AL

Antes de confessar, Eduarda deu várias versões diferentes para o sumiço de Ana Beatriz. Primeiro, disse que a criança havia sido levada por criminosos em uma abordagem na BR-101, na última sexta-feira. Depois, mudou o relato ao menos quatro vezes e passou a ser considerada suspeita.

"Ela ainda contou outra versão fantasiosa, de que teria dado a criança, mas pouco tempo depois vimos que não iria se sustentar. Depois ela mudou, disse que estava amamentando e que a bebê teria engasgado, e ela teria tentado reanimar a criança e não teria conseguido", disse. "Estamos diante de um crime permanente de ocultação de cadáver, e estamos apurando se foi um infanticídio ou homicídio", afirmou o delegado.

Na tarde de ontem, Eduarda passou mal e precisou ser levada a uma unidade de saúde municipal. Na saída, a ambulância chegou a receber pedradas, mas não houve feridos. Após o atendimento, ela foi conduzida ao Cisp (Centro Integrado de Segurança Pública), onde populares se aglomeraram gritando por "justiça".

O pai da menina, Jaelson da Silva Souza, estava em São Paulo quando soube da notícia. Em um vídeo divulgado pelo Balanço Geral, da TV Record, ele relata que está há um mês fora e ainda não tinha conhecido a filha.

Momento em que o corpo de Ana Beatriz é levado para o carro do IML
Momento em que o corpo de Ana Beatriz é levado para o carro do IML Imagem: PC-AL/Divulgação
Continua após a publicidade

Como denunciar violência contra crianças e adolescentes

Denúncias sobre violência contra crianças e adolescentes podem ser feitas pelo Disque 100 (inclusive de forma anônima), na delegacia de polícia mais próxima e no Conselho Tutelar de cada município.

Se for um caso de violência que a pessoa estiver presenciando, pode ligar no 190, da Polícia Militar, para uma viatura ir no local. Também é possível se dirigir ao Fórum da Cidade e procurar a Promotoria da Infância e Juventude.

Quem não denuncia situações de perigo, abandono e violência contra crianças e adolescentes pode responder pelo crime de omissão de socorro, previsto no Código Penal. A lei Henry Borel também prevê punições pra quem se omite.

Funcionários públicos que se omitem no exercício de seus cargos, em escolas, postos de saúde e serviços de assistência social, entre outros, podem responder por crime de prevaricação.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.