Carlos Madeiro

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Reportagem

Amazônia deve muito ao papa Francisco, diz primeiro cardeal da região

O arcebispo de Manaus, dom Leonardo Ulrich Steiner, afirmou hoje que a Amazônia "vai dever muito" ao papa Francisco pelo legado deixado pelo pontífice, que morreu nesta segunda-feira. Para ele, que é o primeiro cardeal da Amazônia, Francisco abriu horizontes ao fazer a igreja "olhar para frente".

Em entrevista à rádio Rio Mar, de Manaus, dom Leonardo afirmou que, para quem é da região, Francisco "é o papa da Amazônia".

Papa Francisco sempre que nos encontrava, ele perguntava: 'Como vai nossa querida Amazônia?' Ele sempre esteve voltado para cá. Durante o tempo da pandemia, ele telefonou para saber como andava a questão da covid. Um homem sempre muito preocupado com a Amazônia, mas não preocupado só com a região, mas com as pessoas que aqui vivem, especialmente os povos originários e também os pobres.
Dom Leonardo, cardeal da Amazônia

O maior exemplo do legado de Francisco para a região foi a realização do Sínodo da Amazônia, o primeiro da região, que reuniu 184 bispos da chamada Pan-Amazônia. O evento ocorreu no Vaticano e durou 20 dias em outubro de 2019.

O debate terminou com ideias para aumentar a abrangência na região, com proposta de alcançar povos vulneráveis e originários.

Ele sabia que aqui há anos já se vem tentando caminhar para uma igreja sinodal, uma igreja onde todos participam. E ele era um grande entusiasta da igreja da sinodalidade.
Dom Leonardo

Para dom Leonardo, Francisco "levou a Amazônia para o mundo". "O mundo despertou para a Amazônia através do papa Francisco. Por isso, nós somos tão gratos por ele ter recordado a importância que a Amazônia tem em termos de oxigênio, em termos de meio ambiente, mas em termos também de cultura, mas também em termos do modo de ser igreja", disse.

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Dom Leonardo Ulrich Steiner Imagem: Divulgação

Como será o novo papa?

Com 76 anos, dom Leonardo foi o primeiro cardeal nomeado da Amazônia, em 2022 e será um dos eleitores do conclave para escolha do novo papa.

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Ele diz conhecer poucos os cardeais para traçar qual deve ser o perfil do próximo pontífice eleito, mas diz acreditar que a igreja já é outra após o legado deixado por Francisco.

Tivemos um papa preocupado com os pobres, com a misericórdia de Deus; um papa que desejou que o Evangelho fosse motivo de alegria, fosse motivo de esperança. Nós somos profundamente gratos a Deus por nos ter dado um papa que nos ajudou a olhar para a frente, abriu horizontes para a igreja, fez com que as pessoas se sentissem amadas, se sentissem pertencentes a uma igreja.
Dom Leonardo

Entre os pontos positivos de sua gestão, ele ainda citou que o papa "colocou em ordem a economia da igreja" e que "enfrentou a questão dos abusos sexuais".

Foi um papa que sempre pensou o bem das pessoas, não importava a quem. E por isso que nós somos profundamente gratos a Deus. Fica um sentimento de gratidão.
Dom Leonardo

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