Carlos Madeiro

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Reportagem

Facção expulsa famílias e leva QG do crime ao Minha Casa, Minha Vida no PI

Imóveis construídos pelo programa Minha Casa, Minha Vida e cedidos a pessoas de baixa renda foram tomados em Teresina pela facção Bonde dos 40. O grupo criminoso, que tem o PCC como maior rival, expulsou moradores de ao menos 30 apartamentos e instalou um QG no conjunto habitacional Torquato Neto, na zona sul da capital, ao longo dos últimos meses.

Vinte pessoas foram presas ontem no local por uma megaoperação realizada pelas polícias Civil e Militar do Piauí, com apoio da Guarda Municipal de Teresina, para retomada desses imóveis. Armas e munições foram apreendias.

Após a invasão, segundo a polícia, o grupo passou a esconder fugitivos, armazenar e vender drogas e fez até um churrasco no local.

Em janeiro, chegaram a roubar um boi, abater o animal em um dos apartamentos tomados e divulgar vídeos da ação na internet como parte de uma comemoração. Moradores eram coagidos a manter o silêncio.

Policiais durante operação policial no conjunto Torquato Neto
Policiais durante operação policial no conjunto Torquato Neto Imagem: SSP-PI

O grupo também matou no conjunto habitacional Bartolomeu Gabriel Oliveira Gomes, o Bartô, integrante do PCC. Ele foi sequestrado, torturado e executado após ser identificado por meio de uma prática conhecida como raio-X.

"Esse homem estava dentro de um clube no residencial. Eles foram investigá-lo e se reuniram para fazer um tribunal do crime", explica o delegado Charles Pessoa, coordenador do Draco (Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) da Polícia Civil.

O grupo

O Bonde dos 40 é uma facção maranhense que expandiu sua atuação para o Piauí, onde rivaliza com outros grupos, além do PCC. Há meses, a invasão do grupo ao conjunto era denunciada por moradores.

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"O fato grave é que famílias estavam sendo expulsas para que o grupo usasse esses imóveis para atividade operacional da facção, como para reuniões da célula criminosa. Até um policial foi ameaçado", explica.

O estopim para que a operação fosse deflagrada foi um atentado a tiros contra o apartamento de um policial militar, seguido de uma tentativa de invasão, no último dia 15. O caso foi encarado como uma prova do "nível de violência e ousadia da facção".

"Essas facções quando chegam a uma comunidade querem implantar o medo. E eles ameaçam todos que moram no local", diz o delegado.

Pichação da Bonde dos 40 no conjunto Torquato Neto
Pichação da Bonde dos 40 no conjunto Torquato Neto Imagem: SSP-PI

Sobre a operação

Foram mobilizados cerca de 200 policiais para cumprir mandados de busca e apreensão em 144 apartamentos para a operação Retomada, ontem.

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Segundo Charles, outras medidas serão tomadas para retirar os criminosos do local, entre elas, a remoção de pichações da facção, para tentar aumentar a sensação de segurança dos moradores.

"Temos aqui o 'Pacto pela Ordem', que tem esse eixo de repressão; mas que tem também o eixo social. Nós estamos agora em diálogo com moradores, fazendo visitas e cadastrando quem são os proprietários. Vamos fazer um monitoramento permanente", afirmou o delegado.

Reportagem

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