Mansão com piscina aquecida na Rocinha (RJ) abriga líder do CV no Ceará

Em janeiro, uma operação já havia tentado encontrar os criminosos, mas falhou. Com a nova ação, as autoridades confirmaram que os números 1, 2 e 3 da facção do Ceará moram no local e estavam lá no momento em que a operação foi deflagrada —mas conseguiram fugir.

A ação acabou rendendo poucos frutos em termos de prisão: Dos 29 mandados de prisão pela Justiça cearense, só um foi cumprido.

O grande problema é que ao lado de onde estavam, existe uma mata imensa; a geografia os favorece. Vimos, logo após a incursão, criminosos com fuzil e roupas camufladas entrando nessa mata. Os drones e helicóptero não conseguiam enxergar lá dentro. Não houve vazamento, fugiram depois da operação iniciada.
Plácido Rios

Apesar da fuga dos líderes, Plácido diz que a ação pode ainda render bons frutos. "A gente conseguiu apreender celulares que vão ser fruto de novas investigações, além de termos apreendidos bens de luxo, fuzis e outras armas", diz.

Luxo e segurança

O luxo em que viviam chamou a atenção dos investigadores. Um dos principais líderes cearenses, Anastácio Paiva Pereira, conhecido como 'Doze', morava em uma casa que tinha piscina aquecida, academia e área gourmet. "Esses líderes maiores levam uma vida nababesca", diz.

Antonio é um dos suspeitos mais procurados do estado, acusado de tráfico de drogas, homicídios e organização criminosa. Na página dos mais procurados do Ceará, da SSPDS (Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado), ele é classificado como "perigoso".

Na mesma rua da casa de Antonio na Rocinha havia outras casas de luxo, mas foi um outro imóvel que também chamou a atenção: um edifício de seis andares que abrigava apenas integrantes do CV cearense. "Os quatro andares de baixo eram ocupados por seguranças, e os dois de cima, por lideranças do Ceará", afirma.

Sabemos que esse grupo fatura milhões e milhões, mas ninguém sabe ao certo o total porque se trata de dinheiro sujo, ilegal. Mas basta ver os imóveis que vivem para perceber a riqueza.
Plácido Rios

As autoridades chegaram ao paradeiro após uma delação premiada feita por um membro do CV preso durante ação no período eleitoral de Santa Quitéria. Ele participava de um esquema do grupo que intimidava eleitores para influenciar na escolha do prefeito —que acabou sendo cassado por isso.

Mais sobre a operação

A operação do sábado contou 80 agentes de segurança do Rio, como o Bope (Batalhão de Operações Especiais) e o Batalhão de Choque. A ação foi coordenada pelo procurador-geral de Justiça do Rio, Antonio José Campos Moreira.

"Há indícios de que mais de mil homicídios tenham sido ordenados do Rio para aquele estado ao longo dos últimos dois anos", disse Antonio, em fala à assessoria de imprensa do MP-RJ.

O número de criminosos do CV cearense no local, porém, é maior que os 29 alvos de mandado. Muitos outros integrantes com alvo de mandados de prisão expedidos devem também estar vivendo na comunidade.

Entre os crimes ordenados por esses líderes, além de tráfico de drogas, armas e homicídios, os investigadores apontam também a recente onda de ataques a provedores de internet no Ceará. "De lá, eles devem estar trazendo para o Ceará um modelo de ineditismo. Aqui eles tentaram se apoderar desse ramo, porque sabem que isso ia render muito para eles", diz o subprocurador cearense.

O recado que essa ação passa para esses criminosos é: eles agora sabem que nós sabemos onde eles estão, que estamos atrás e perto deles. Seja para onde forem, nós temos como os encontrar. Nós estamos com uma integração importante dos órgãos de combate às organizações criminosas, e vamos seguir e expandir essas ações.
Plácido Rios