Juíza libera lutador logo após o condenar por estupro: 'Bons antecedentes'
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Quatro dias após ser condenado por estupro, o ex-motorista de aplicativo lutador de MMA Edilson Florêncio da Conceição, 48, foi solto nesta segunda-feira (9) e vai poder ficar em liberdade e recorrer da pena de 8 anos de prisão por estupro de vulnerável, já que a vítima estava alcoolizada; e a 2 meses de detenção por resistir à prisão. Ele estava preso desde janeiro, quando foi detido em flagrante.
"Concedo ao réu o direito de recorrer em liberdade, em razão de sua primariedade e bons antecedentes", diz a juíza da 5ª Vara Criminal de Fortaleza, Adriana Aguiar Magalhães, em decisão. Ela é a mesma magistrada que o condenou no dia 5 de junho.
A soltura do homem condenado revoltou a vítima, a empresária Renata Coan Cudh, que resolveu expor o caso e gravou um vídeo e publicou no Instagram questionando a decisão da juíza.
Ela citou que, por mais que tentasse transparecer normalidade nas redes sociais de janeiro para cá, ela e a família sofreram "em silêncio". "Estávamos sobrevivendo dia após dia a esse pesadelo, mas o pior aconteceu", disse.
O Judiciário cearense, representado por uma mulher, apesar de condená-lo, decidiu na mesma sentença soltá-lo e deixar responder em liberdade. É isso mesmo que você está a ouvir. Mesmo com depoimento de três policiais, testemunhas oculares, exame de perícia, o réu confessando o crime e toda violência que eu sofri, ela julgou que ele poderia responder em liberdade por ser réu primário.
Renata Coan Cudh
Conhecido como "Edilson Moicano", ele foi preso em flagrante após policiais militares verem o carro parado em um matagal e abordarem o veículo. Eles relataram que a vítima estava chorando, gritando e lutando para tentar se livrar do agressor, que ainda fugiu, mas acabou sendo alcançado pelos policiais e foi detido.
O MP-CE (Ministério Público do Ceará) afirmou ao UOL, na tarde desta terça-feira (10), que irá pedir a prisão preventiva de Edilson. Como o processo corre em segredo de justiça, a reportagem não conseguiu o nome do advogado que defende o acusado.
Após o vídeo, uma série de mulheres postaram em apoio a Renata e pedindo para que a Justiça revise a soltura e recoloque o acusado na prisão. Entre as pessoas que postaram, está a vice-governadora e secretária da Proteção Social do Estado do Ceará, Jade Romero (MDB).
Entenda o caso
Segundo a denúncia, Edilson fazia bico de motorista no dia 19 de janeiro e após aceitar a corrida da mulher na saída de uma festa, desviou o carro para um matagal e aplicou um golpe conhecido como "mata-leão", quando a vítima tem o pescoço apertado, provocando falta de ar e desmaio. Ela contou que, quando retornou à consciência, estava sendo estuprada, e o acusado dizia que iria matá-la.
"No dia 19 de janeiro deste ano, eu fui sequestrada, violentada, estrangulada até quase a morte no matagal. Eu não tive chance nenhuma de defesa. Me lembro de cada segundo do ar faltando. Foi Deus que enviou três policiais que já estavam indo embora no final do turno e que me salvaram e prenderam um homem flagrante", contou Renata no vídeo.
Na gravação, ela ainda pede ajuda para que o caso seja compartilhado ao máximo "por todas as mulheres". "Isso pode acontecer com a sua filha, com a sua mãe, com a sua esposa, com qualquer familiar seu ou qualquer mulher que seja próxima de você. Eu tô fazendo esse vídeo porque eu não vou me calar", afirmou.
O sistema tá dizendo para outras mulheres que forem violentadas amanhã, hoje ou agora, que a palavra delas não basta, que nenhuma confissão basta, que o agressor vai sair por aí pela porta da frente. Tudo que eu queria nesse momento era ter paz e tranquilidade. Mas como que eu vou ter isso sabendo que o cara tá aí nas ruas? Eu faço esse vídeo expondo a minha dor, não somente por mim, mas por todas as mulheres desse mundo.
Renata Coan Cudh
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