Bolsonaro insinuou, sem provas, que Moraes estaria 'levando US$ 50 milhões'

Em reunião com ministros de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro insinuou que ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estariam recebendo dinheiro de modo indevido para fraudar o resultado das eleições, segundo relatório da Polícia Federal.
"Pessoal, perder uma eleição não tem problema nenhum. Nós não podemos é perder a Democracia numa eleição fraudada! Olha o Fachin. Os caras não têm limite. Eu não vou falar que o Fachin tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. O ... que o Barroso tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. Que o Alexandre de Moraes tá levando US$ 50 milhões. Não vou falar isso aí. Não vou levar pra esse lado. Não tenho prova, pô! Mas algo esquisito está acontecendo", disse o ex-presidente.
A declaração foi dada em reunião realizada em julho de 2022, quando Bolsonaro convocou a alta cúpula do governo para cobrar dela a difusão de informações falsas sobre o sistema de votação. Seria o início do plano para concretizar o golpe de Estado tentado em 8 de janeiro de 2023, aponta a PF.
Para convencer os outros ministros a aderirem ao plano, Anderson Torres, então ministro da Justiça, usou um argumento forte: "Senhores, todos vão se foder! Eu quero deixar bem claro isso. Porque se... eu não tô dizendo que... eu quero que cada um pense no que pode fazer previamente porque todos vão se foder". Também estavam presentes à reunião os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto.
As falas foram transcritas no documento, que subsidiou a decisão do ministro Alexandre de Moraes de autorizar as buscas e apreensões em endereços de ex-ministros, ex-assessores e militares ligados ao ex-presidente. O vídeo com as imagens da reunião estava no computador do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada.
UOL revelou que Bolsonaro recebeu minuta, segundo Cid
Em setembro de 2023, o UOL revelou que Cid contou, em sua delação, que Bolsonaro recebeu uma minuta de golpe preparada pelo então assessor internacional Filipe Martins, logo após perder as eleições para Lula.
Segundo a reportagem do colunista Aguirre Talento, na ocasião Cid também revelou aos investigadores que Bolsonaro consultou os comandantes das Forças Armadas sobre plano de golpe de Estado. A trama teve apoio do comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, e encontrou resistência dos comandantes da Aeronáutica e do Exército.
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