Bolsonaro não se preocupa com a oposição boliviana?
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Ainda transcorria a viagem à China, na última semana de outubro, quando o presidente Jair Bolsonaro anunciou preocupação com os conflitos nas ruas do Chile. Chamou os protestos da oposição chilena de "atos terroristas" e revelou que tinha conversado com seu ministro da Defesa para alertar as Forças Armadas. "A tropa tem que estar preparada para, ao ser acionada por um dos três Poderes, de acordo com o artigo 142, estar em condição de fazer manutenção da lei e da ordem", declarou o presidente.
Nos últimos dias, outro país da América Latina entrou em convulsão. O caldeirão da Bolívia esquentou até ferver. Ontem, diante da crescente onda de violência em várias cidades bolivianas, o presidente Evo Morales saiu do país e renunciou. Apesar disso, os violentos embates continuaram. Curiosamente, nesse caso Bolsonaro não mostrou qualquer preocupação de que a manutenção da lei e da ordem fosse abalada.
Talvez porque a oposição no Chile seja de esquerda e a oposição na Bolívia, de direita? Para quem prometeu fazer um governo que não seria ideológico, nada mais ideológico.
Independente da coloração política de quem observa, o grau de violência dos opositores de Evo Morales é algo assustador. Uma emissora de TV, casas de governadores e de parentes do presidente deposto foram incendiadas. Há relatos de sequestro e tortura de opositores. Jornalistas que trabalham em veículos de comunicação sindicais ou do governo foram amarrados a árvores.
Antes disso, já tinham chocado o mundo as imagens da prefeita do município de Vinto, Patricia Arce, que foi torturada por quatro horas, teve o cabelo cortado e foi coberta de tinta vermelha por opositores do governo boliviano.
Depois da manifestação contra os "terroristas" chilenos, espera-se algum pronunciamento do governo brasileiro em condenação aos encapuzados que hoje impõem o caos às ruas da Bolívia.
Barbárie, seja qual coloração ideológica tiver, deve ser repudiada com firmeza. Caso não ocorra manifestação nesse sentido, Bolsonaro estará alimentando a ideia de que sua indignação, que no caso chileno pareceu tão aflorada, no fim das contas é seletiva.
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