Witzel pretende manter guerra nas favelas em 2020, prevê orçamento
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De nada adiantou a enxurrada de críticas de especialistas e moradores das comunidades pobres do Rio de Janeiro contra a política de segurança pública do governador Wilson Witzel. A julgar pela proposta de orçamento para 2020, ano que vem tem mais. No documento enviado à Assembleia Legislativa, os gastos previstos para ações das polícias militar e civil somam R$ 275 milhões, enquanto a polícia científica é contemplada com apenas R$ 841 mil.
Mais uma vez, o governador investe no confronto e dá pouca importância ao trabalho de inteligência, que resultaria em ações mais eficazes e com menos riscos para a população. A análise consta do estudo feito pelo especialista em políticas públicas e orçamento Alexandre Ciconello para Rede de Observatórios da Segurança, projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) financiado pela Fundação Ford.
Para Ciconello, "a manutenção de uma grande corporação policial militar, com baixíssimo controle democrático e protocolos efetivos de uso da força" impede a implantação de uma política moderna, "baseada na investigação, no uso da tecnologia e na inteligência policial, não sobrando nenhum espaço para investimentos".
"Essa política tem contribuído para sufocar as finanças do estado do Rio de Janeiro e necessita urgentemente ser repensada, em nome da eficiência e do equilíbrio fiscal", analisa ele.
A opção pela tática de guerra em detrimento da inteligência, além de ineficaz e perigosa para a população, é insustentável financeiramente. O projeto de lei do orçamento prevê déficit para o próximo ano da ordem de R$ 10,7 bilhões.
Proporcionalmente ao orçamento, o Rio de Janeiro é a unidade da federação que mais gasta em segurança pública, afirma Ciconello. A previsão para o próximo ano é de despesas de R$ 12,7 bilhões de reais para a área, valor pouco inferior aos R$ 14,5 bilhões destinados à saúde e à educação, juntas.
Como se viu ao longo de 2019, essa montanha de dinheiro não contribui para que a polícia fluminense reduzisse o grau de letalidade. Pelo contrário. Na Capital e em Niterói, os agentes do estado são responsáveis por 38,9% e 43% das mortes violentas, respectivamente.
A julgar pela proposta de orçamento de Wilson Witzel, os moradores das comunidades pobres do Rio passarão mais um ano em clima de guerra. De um lado, sob o jugo dos traficantes, e de outro, sob permanente risco de serem alvejados pela polícia.
Apesar disso, subiu a aprovação à política de confronto praticada pelo governador, revela pesquisa Datafolha. Os aplausos são justamente da camada mais rica dos cariocas, aquela que pode ficar a salvo em seus apartamentos ou mansões, enquanto na favela moradores se dedicam a tentar sobreviver aos constantes tiroteios.
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