Suspeita de grampo na Alerj motiva discussão sobre impeachment de Witzel
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A suspeita de que integrantes do governo estadual fizeram grampos nos gabinetes dos 70 deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) levou parlamentares a discutirem nessa tarde o impeachment do governador Wilson Witzel. Diante da possibilidade de espionagem, o presidente da Casa, deputado André Ceciliano, disse que vai pedir ao Ministério Público para investigar a denúncia e à Polícia Federal para fazer levantamento no Sistema Guardião, da Polícia Civil, para checar se foi feito algum grampo sem autorização judicial.
"Vamos investigar o secretário Lucas Tristão, que disse que tem um dossiê contra os 70 deputados. Eu tenho testemunhas", afirmou Ceciliano. Até então, o assunto tinha sido tratado em requerimento de informação ao governo estadual. Agora, há uma acusação direta.
"Está claro aqui que estamos diante da necessidade, diante das provas indiciárias, de instalarmos o processo de impeachment contra o governador do estado", disse o deputado Doutor Serginho (PSL).
O deputado Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB) defendeu que um possível processo de impeachment seja iniciado apenas após o resultado da apuração do MP. "Deve ser investigado para que se descubra aquele que está fazendo essas escutas, essas espionagens, e a mando de quem isso está acontecendo", disse o tucano. "É caso, sim de impeachment. Mas não pode ser uma desconfiança, tem que ter uma certeza".
O líder do governo da Alerj, deputado Márcio Pacheco (PSL), expressou os posicionamentos do governador fluminense e do secretário de Desenvolvimento Econômico. "Venho declarar que a posição do governo a respeito disso é que não há nem do governador e de nenhum membro do Poder Executivo nenhuma ação de escuta a parlamentares".
Anteriormente, por causa de matéria publicada pela revista Veja, a assessoria de imprensa do governador tinha emitido nota negando a espionagem: "Jamais o governo usaria de qualquer mecanismo irregular para acompanhar ou monitorar parlamentares. Isso feriria a democracia, pilar da sociedade brasileira. O diálogo é a única forma aceita nesta relação. Diálogo sempre franco, aberto e transparente".
O presidente da assembleia, porém, manteve o pedido de investigação. "Comigo não vão fazer chantagem, na pressão não leva", disse Ceciliano.
A possibilidade de grampo foi levantada na semana passada e bastante comentada na Alerj, sem que houvesse pistas concretas. A presidência da Casa fez um requerimento de informação ao governo do estado, sem indicar a origem da suspeita, que hoje se tornou pública: a declaração feita pelo secretário Lucas Tristão de que tem dossiês contra os parlamentares.
Oriundo do Espírito Santo, onde o governador atuava, Tristão foi sócio de Witzel em um escritório de advocacia. Coordenador da campanha vitoriosa ao Palácio Guanabara, ele é considerado homem forte do governo, perdendo apenas para o Pastor Everaldo em prestígio junto ao chefe do Executivo.
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